Crise mundial levará 9 milhões de pessoas à pobreza na América Latina, afirma Cepal

19/11/2009 - 20h36

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Comissão Econômicapara a América Latina e o Caribe (Cepal) calcula que a maisrecente crise financeira mundial, originada nos Estados Unidos,deverá levar pelo menos 9 milhões de pessoas àsituação de pobreza e mais 5 milhões à deindigência na América Latina somente este ano.

No relatório PanoramaSocial da América Latina 2009, divulgado hoje (19), aCepal prevê que a pobreza na região aumentará1,1% e o nível de indigência crescerá 0,8%, nacomparação com o ano passado. As pessoas em situaçãode pobreza devem passar de 180 milhões para 189 milhões(o equivalente a 34,1% da população local) e osindigentes de 71 milhões para 76 milhões, 13,7% dapopulação.

Apresentado pela secretáriaexecutiva da Cepal, Alicia Bárcena, o documento assinalaque a quantidade de pessoas afetadas equivale a quase um quarto dapopulação que havia superado a pobreza entre 2002 e2008 (41 milhões de pessoas), graças ao maiorcrescimento econômico, à expansão do gastosocial, ao crescimento demográfico e às melhorias nadistribuição da renda.

Emborapreveja que alguns países como o México irãoexperimentar médias de aumentos maiores em seus níveisde pobreza e indigência devido à diminuiçãodo Produto Interno Bruto (PIB) e à deterioraçãode empregos e salários, a Cepal acredita que, em termosregionais, o impacto será menor que o de turbulênciasanteriores, como a crise mexicana, de 1995, a asiática, entre1998 e 2000 e a chamada crise “ponto.com” e da Argentina,respectivamente em 2001 e 2002.

Mesmoassim, de acordo Alicia Bárcena, os efeitos da crise irãoimpedir que a região elimine a pobreza extrema e a fome até2015 conforme estabelece a primeira Meta de Desenvolvimento doMilênio da Organização das NaçõesUnidas (ONU).

Orelatório também assinala a urgência dos paíseslatino-americanos de investirem em um novo sistema de proteçãosocial, adotando medidas que combinem o atendimento de urgênciaa uma estratégia de longo prazo, evitando a irresponsabilidadefiscal e o endurecimento da legislação trabalhista,aumentando a carga tributária de forma progressiva eredistribuindo os gastos sociais.