Ministros vão buscar soluções para impasse comercial entre Brasil e Argentina

18/11/2009 - 15h48

Renata Giraldi e Mariana Jungmann
Repórteres da Agência Brasil
Brasília - Os presidentes brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva e da Argentina, CristinaKirchner, criaram hoje (18) um grupo ministerial para buscar soluçõespara os impasses comerciais que envolvem os dois países. Os ministrosda área econômica, dos dois países, vão se reunir a cada 45 diasem busca de alternativas para resolver as divergências, a começar pelademora nas concessões de licenças não automáticas para mercadorias deambos os lados. Em encontro que tiveram hoje (18), Lula e Cristina reiteraram que as relaçõesbilaterais devem ser firmadas na parceria e, não, na disputa. “Oprotecionismo não é solução. Apenas cria distorções difíceis de sereverter”, afirmou Lula, no seu discurso. “O caminho a seguir é doincremento das exportações argentinas e, não, o da diminuição dasexportações brasileiras”, disse ele. “Temos de ter inteligênciapara superar as diferenças com maturidade e racionalidade. É necessárioabordar os temas e procurar ajuda para encontrar saídas”, afirmouCristina.A Argentina e o Brasil acusam um ao outro de agravar asbarreiras na liberação de licenças não automáticas para alguns produtosimportados do Brasil pela Argentina e vice-versa. Os argentinos alegam que a decisão brasileira de endurecer na concessão de licenças tem umcaráter de retaliação à iniciativa argentina de dificultar a liberação das mesmas autorizações.Alista de produtos afetados pelo impasse deve chegar a 15 itens e incluiprincipalmente autopeças, freios e baterias para veículos, no caso doBrasil. Do lado argentino, afeta produtos alimentares e grãos.Aideia é que, a cada 45 dias, os ministros da Fazenda, doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, além de RelaçõesExteriores de ambos os países se reúnam para buscar soluções.“Temosmotivos para confiar no progresso da nossa parceria”, afirmou Luladurante o brinde no almoço. “Precisamos reorientar essas pequenasdiferenças. Estamos na mesma região, por isso é necessário essedesenvolvimento [conjunto]”, disse Cristina Kirchner.O impasse em torno da concessão de licenças nãoautomáticas se estende há um ano. De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior, Miguel Jorge,  há mercadorias brasileiras queaguardam até 180 dias pela liberação da licença. Desde outubro de2008, a Argentina impõe dificuldades na liberação de licenças para asmercadorias brasileiras. No mês passado, o governo brasileiro resolveureagir estabelecendo restrições na concessão de licenças para osprodutos argentinos.Durante o almoço, Lula lembrou que o Brasilé o principal mercado para os produtos industrializados argentinos -que representam cerca de 70% das exportações do país vizinho paraBrasil. De acordo com ele, o intercâmbio comercial entre os dois paísesatingiu US$ 31 bilhões, em 2008.