Quadrilha presa pela PF pode ter gerado prejuízos de R$ 32 milhões para a Previdência

17/11/2009 - 19h26

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - A fraude na Previdência Social provocada por uma quadrilha que foi presa hoje (17) pela Polícia Federal (PF), na Operação Vidência, pode ter provocado prejuízos de cerca de R$ 32 milhões aos cofres públicos. A estimativa foi divulgada hoje por Elisete Berchiol da Silva Iwai, superintendente regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).Segundo a PF, foram concedidos cerca de 60 benefícios desde março deste ano a “fantasmas”, gerando um prejuízo de cerca de R$ 70 mil mensais aos cofres da Previdência. Mas os números podem ser maiores, já que o INSS desconfia que o grupo atuava desde 2008. Apesar de ter concedido esses benefícios a pessoas que não existiam, a superintendente do INSS negou que haja falhas no sistema do INSS.“Não basta ter uma documentação falsa e de boa qualidade. Ela [a pessoa que pretende obter o benefício] precisa se identificar perante a Previdência Social. E essas pessoas tinham todos os documentos e contas em bancos, e de boa qualidade. Vejo falha no sistema de emissão dessa documentação; agora, fragilidade na checagem dessa documentação, não”, afirmou ela, ressaltando que o INSS está preparado para identificar casos como esses.A quadrilha foi descoberta após a denúncia de uma funcionária da Previdência em Campinas (SP), que desconfiou da autenticidade dos documentos apresentados por uma mulher que pleiteava obter benefício do INSS. Segundo a PF, essa mulher foi presa hoje. Para conseguir obter esses benefícios, principalmente de pensão por morte, eram confeccionados documentos falsos para uma pessoa. “Eles criavam pessoas, vinculavam esses nomes ao regime geral da Previdência Social. Posteriormente essas pessoas faleciam e a quadrilha pleiteava em nome delas benefícios da Previdência”, explicou o delegado Wagner Santana da Veiga, responsável pela operação.Segundo o delegado, os criminosos podem ter obtido empréstimos consignados em bancos públicos e privados, o que pode ter provocado prejuízo de cerca de R$ 500 mil para essas instituições financeiras. De acordo com o superintendente em exercício da Polícia Federal em São Paulo, Fernando Duran Poch, foram presas 12 pessoas. Os crimes foram cometidos em dez estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal e Goiás. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão e o material apreendido, entre eles cinco veículos, ficarão bloqueados para que os cofres públicos sejam ressarcidos. As contas bancárias dos integrantes da organização também foram bloqueadas. Os bandidos poderão responder pelos crimes de estelionato qualificado contra a Previdência, formação de quadrilha e falsificação de documento público. As penas podem resultar em 15 de anos de prisão.