Presidente da CNI diz que maior problema do país no momento é cambial

17/11/2009 - 19h45

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O maior problema para as exportações, em geral, e para a indústria, emparticular, é a valorização do real ante o dólar norte-americano eas moedas mais fortes do mundo, o que “retira competitividade" dos produtos brasileiros no mercado externo. A afirmação foi feita hoje (17) pelo presidenteda Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando MonteiroNeto, deputado federal pelo PTB de Pernambuco, ao participar do Seminário Internacional sobre Crise Global, noauditório da TV Câmara.Armando Monteiro Neto disse que o real avançou, neste ano, cercade 30% em relação ao dólar dos Estados Unidos e ao ien do Japão; tambémcresceu em torno de 20% comparado ao euro, um pouco mais que issodiante da libra esterlina, da Inglaterra, e mais de 40% em relação aopeso argentino.O diretor executivo do Fundo MonetárioInternacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, que tambémparticipava do encontro, acrescentou que apenas duas moedasvalorizaram mais que a moeda brasileira: o rande, da África do Sul, e odólar australiano.Para o chefe da DivisãoEconômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços eTurismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes, existe ainda "perspectiva inequívoca de mais valorização do real”, por causa daenxurrada de dólares no mercado nacional, mesmo com a taxação de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para ele, foi uma decisão acertada a taxação dos investimentos estrangeiros em renda fixa e em Bolsa de Valores.  “O câmbioé o problema mais sério que temos hoje no curto prazo”, afirmou Freitas.De acordo com Monteiro Neto, o Brasil foi bem-sucedido na travessiada crise financeira internacional, que afetou seriamente a indústriapela falta de crédito. Houve forte desaceleração da produção nacional,segundo ele, embora o setor venha se recuperando há nove meses, deforma lenta e gradual, e uma eventual mudança desse ritmo dependerámuito do retorno das exportações, ora prejudicadas pela valorizaçãocambial, disse ele.O presidente da CNI está confiante, contudo, na recuperação industrial com mais velocidade, uma vez que “os sinais de aumento da atividadeeconômica são bons”.  Para ele, não há dúvida de que aeconomia vai crescer em 2010. A questão agora, salientou, é saber seesse crescimento será sustentado nos anos seguintes, pois não se podeperder de vista que “o dólar tende a perder importância como moedapadrão”.