ONS: não há sistema imune a blecautes

17/11/2009 - 20h50

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O diretor-presidente do OperadorNacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, assegurou hoje (17) que nãohouve falhas, sejam operacionais ou de manutenção dosequipamentos no blecaute que atingiu 18 estados no último dia10. Segundo ele, não há nenhum sistema imune a essetipo de problema.

“Não hásistema no mundo imune a blecautes. O que nós queremos écada vez mais pegar essa experiência, olhar a leitura dosistema por meio do disparo dos nossos oscilógrafos, que sãoas nossas caixas-pretas, para poder criar as propostas, asrecomendações, para minimizar o efeito dominó eo tempo de recomposição”, disse.

Chipp, disse ainda quea causa do blecaute não é o mais relevante. “Orelevante é você minimizar o efeito. O fundamental paraa sociedade é você, com causas similares a essa,minimizar o efeito”. As medidas em estudo objetivam “mitigar oefeito dominó”, uma vez que não é possívelevitar a realização de eventos similares.

A princípio, oONS está trabalhando com duas hipóteses para ocurto-circuito com descarga elétrica que provocou o apagão:condições climáticas desfavoráveis edescarga elétrica. “Pode ter outras. Essas são as quea gente consegue ventilar”, afirmou Chipp.

A primeira hipóteseem análise são condições meteorológicasadversas, que englobam descargas atmosféricas, popularmentechamadas de raios, acompanhadas de chuvas e ventos intensos. Odesligamento das linhas pode se dar com uma descarga atmosférica.“É uma hipótese”.

A capacidade dosequipamentos de suportar as tensões elevadas foi reduzida epode ter rompido o isolamento, gerando uma descarga elétrica,o que dá o curto-circuito.

“A outra hipótese,devido ao fenômeno curto-circuito da forma como foi,praticamente simultâneo, um monofásico evoluindo paratrifásico, é que as elevações da voltagemnas fases sãs podem ter sido superiores à tensãode suportabilidade do isolador. Aí, você reduz asuportabilidade, que causa a descarga elétrica, atinge ocondutor e provoca o curto”, informou o diretor-presidente do ONS.

O desligamento triplodas linhas de transmissão de Itaipu pode ser caracterizadocomo uma eventualidade que não poderia ser evitada, comentouChipp. O ONS foi informado das condições climáticasadversas pelo Instituto Tecnológico do Paraná (Simepar)às 13h30 do último dia 10. Não recebeu, contudo,a informação do Simepar de que as condiçõesseguiam desfavoráveis às 22 horas, disse Chipp.

Presidente do grupo de12 países maiores operadores do mundo, Hermes Chipp insistiuque não há nenhum país, mesmo os mais ricos, quedesenvolva um sistema de planejamento redundante para suportar essetipo de fenômeno. “É extremamente antieconômicoe a sociedade não suporta”. Segundo Chipp, o modelo deplanejamento do setor elétrico no Brasil é bom. Osinvestimentos feitos em transmissão de 1999 para cáatingem cerca de R$ 25 bilhões. “Não é esse oproblema”, disse.

O Operador Nacional doSistema Elétrico pretende entregar na próximasegunda-feira (23) ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétricoe à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)um relatório consolidado sobre o blecaute de energia ocorridono último dia 10, que afetou 18 estados brasileiros. Odocumento será em seguida discutido com especialistas de todoo país, responsáveis pela formação dosprofissionais do setor.

O relatórioengloba as causas do blecaute, o efeito dominó, esquema decontroles automáticos e o tempo de recomposição,revelou Hermes Chipp. Ele estará disponível a todos queestiverem interessados, como o Ministério PúblicoFederal e o Tribunal de Contas da União (TCU) que jásolicitaram o documento, afirmou.