Lula e Cristina Kirchner vão negociar fim de impasse nas licenças de produtos

17/11/2009 - 18h00

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A novela que se estende há um ano, e agravou-se no mês passado, emtorno de barreiras na liberação de licenças não automáticas para algunsprodutos importados da Argentina será o principal tema amanhã (18) daconversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua colegaargentina, Cristina Kirchner. Os dois se encontrarão depois de umareunião técnica com os representantes dos dois países com objetivo de pôr um fim na controvérsia. Para os argentinos, adecisão brasileira de impor barreiras à concessão de licenças é umaretaliação à iniciativa argentina de dificultar a liberação de licençaspara as mercadorias nacionais. A lista de produtos afetados deve chegara 15 itens e inclui principalmente autopeças, freios e baterias paraveículos.Nas reuniões, o governo do Brasil vai reiterar anecessidade da Argentina acelerar a liberação dos documentos dos exportadoresbrasileiros. Até a semana passada, não havia qualquer sinalização dos argentinospara uma solução do impasse. Em reuniões com subordinados, o ministrodo Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, disseque a iniciativa deve partir dos argentinos.Segundo Jorge, são osargentinos quem têm de liberar as licenças dos produtos brasileirosdentro do prazo, uma vez que há mercadorias, que aguardam até 180 dias.Desde outubro de2008, a Argentina impõe dificuldades na liberação de licenças para asmercadorias brasileiras. No mês passado, o governo brasileiro resolveureagir estabelecendo restrições na concessão de licenças para osprodutos argentinos.Na interpretação de integrantes do governobrasileiro, os argentinos optaram por tratar a questão do comércioexterior com o Brasil num tom discricionário. Em outubro,o governo brasileiro impôs licenças não automáticas a aproximadamente 15 produtos argentinos na tentativa de reverter as barreiras impostaspelo vizinho às mercadorias brasileiras. Há duas semanas, osecretário da Indústria da Argentina, Eduardo Bianchi, afirmou que adecisão do Brasil deve ser combatida porque demonstra a falta decumprimento de acordo por parte do governo do presidente Lula. Mas parao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a decisãobrasileira visa a assegurar o espaço para a mercadoria nacional. Segundo Jorge, o impasse com a Argentina gera queixas constantes dos empresários sobre a demora nas negociações.Apresidente da Argentina, Cristina Kirchner, chega hoje (17) a Brasília. Amanhã (18), elaparticipa de reuniões com Lula, almoça no Itamaraty e assina uma sériede acordos bilaterais.