Cariocas têm mais resistência psicológica à violência, sugere estudo

15/11/2009 - 11h44

Ivy Farias
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Um estudo feito pelas universidades federais de São Paulo e do Rio de Janeiro constatou que há uma relação entre violência urbana e transtornos mentais como depressão, ansiedade, alcoolismo e fobias. "Não conseguimos identificar se há uma relação de causa e efeito: tanto o transtorno pode ser desenvolvido após um episódio de violência quanto com esses transtornos [o cidadão] está mais exposto à violência", afirmou um dos coordenadores da pesquisa, Sérgio Baxter Andreoli, professor da Unifesp e vice-coordenador do Departamento de Epidemiologia Psiquiátrica da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).  A pesquisa ouviu 1.208 cariocas e 2.536 paulistanos em 2007 porque as duas capitais bem representavam o universo da violência urbana, de acordo com as instituições. Segundo o estudo, a existência de transtornos mentais é quase idêntica nas duas cidades. No caso do alcoolismo, a incidência entre paulistanos é de 15,7%, enquanto nos cariocas chega a 16,6%. "A violência não gera tanto trauma nos cariocas. Ouvimos relatos de pessoas que andam calmamente no Rio de Janeiro mesmo com o barulho de tiros. Se fosse de outro lugar, a pessoa estaria apavorada. Isso demonstra que os cariocas podem estar mais habituados com a violência", afirmou Andreoli.Para Andreoli, a pesquisa demonstrou que cariocas e paulistanos têm traumas parecidos apesar do diferente índice de violência: em São Paulo, 84,9% dos entrevistados sofreram algum tipo de violência durante toda a vida, enquanto no Rio de Janeiro o percentual sobe para 88,8%. De acordo com o professor da Unifesp, a pesquisa ainda não está concluída e poderá trazer novos dados sobre o tema.