Problemas na gestão energética podem ser responsáveis por blecaute, diz especialista

12/11/2009 - 15h16

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor técnico do Instituto de Eletrotécnica e Engenharia (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer, afirmou que o blecaute na noite de terça-feira (10) pode ter sido causado por conta de uma crise de gestão entre os órgãos envolvidos. Segundo ele, o sistema elétrico brasileiro não está adequado para a organização desses órgãos, o que se refletiu na parte técnica do sistema. “Há uma falta de coordenação sólida entre eles, de comando, controle, definição de responsabilidades claras e acompanhamento do dia a dia das coisas”, disse. Sauer se refere ao trabalho conjunto do Ministério de Minas e Energia, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). “Estamos diante de uma crise de gestão do sistema e talvez a organização não esteja adequada, porque foi criada a partir de 2003 e 2004 na reforma feita como resposta aos apagões e ao racionamento que aconteceram no período anterior”, disse Sauer, que foi diretor da área de gás natural da Petrobras no atual governo.Para ele, surpreende o fato de ainda não haver uma resposta clara sobre o que causou o blecaute e atribuiu essa falta de informação a um “jogo de empurra” entre os responsáveis. Sauer disse ainda que a gestão do sistema energético brasileiro não atende bem a população e ainda oferece preços altos pelo serviço. “É mais uma indicação de que há problemas de organização e gestão", afirmou. "O fato de o apagão não ter sido contido de imediato também é uma indicação de que os protocolos de procedimento não estão adequados ou não estão sendo cumpridos.”O engenheiro explicou que os fatores externos como vendavais, tempestades, acidentes de avião, atos de vandalismo ou invasões por hackers não são suficientes para derrubar o sistema. “Isso por si só não teria nenhuma consequência porque o sistema elétrico interligado é planejado, construído e mantido para que, ao perder um componente importantíssimo, ele continua operando como se nada tivesse acontecido.”