Apuração de causas do blecaute deve apontar medidas preventivas, sugere o Gesel

12/11/2009 - 16h53

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O governo deve apurar as causas do desligamento triplo dos circuitos paralelos da usina de Itaipu para poder tomar providências que impeçam um novo colapso de energia, como o verificado na última terça-feira (10). A avaliação é do economista Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Falando hoje (12) à Agência Brasil, Brandão esclareceu que o sistema elétrico nacional foi  desenhado para prescindir de um equipamento sem que sofra prejuízos. “Tem que se apurar por que caíram três componentes redundantes ao mesmo tempo”.

Para Brandão, uma forte tempestade de raios pode causar pane em algum equipamento, mas ressalvou que em três é raro. “Todos os equipamentos são protegidos, têm para-raios. Às vezes, os sistemas não funcionam. Mas não funcionar em três linhas independentes é um bruto azar. Tem que ver se tinha alguma questão de manutenção”.

O economista disse que a construção de uma linha adicional trazendo energia de Itaipu não seria uma boa solução. “Vai sair muito caro e só vai ser útil uma vez a cada dez anos  durante quatro horas”. Ele lembrou que a terceira linha de Itaipu foi construída por causa do apagão de 1999. Graças a isso, há dois anos as duas linhas de Itaipu saíram do ar sem que o evento fosse percebido.

Brandão assegurou que não existe motivo para alarme nem preocupação por parte da população, embora exista a hipótese de uma nova pane elétrica. “A possibilidade de ter um outro evento desse tipo existe, mas é remota. A gente não está no limite". 

Ele destacou que o país vive o momento de maior expansão de investimentos no setor de transmissão de energia. “Tudo o que se planeja e se leva a leilão é disputado. As coisas saem rapidamente do papel. Transmissão é onde a coisa está dando certo. O sistema é robusto e  bastante tolerante a falhas. Mas, não tem como evitar alguma ocorra”.

Na opinião de Brandão, o problema maior do setor elétrico é que nos leilões de geração estão sendo contratadas usinas de má qualidade, como as térmicas, “que têm viabilidade econômica até duvidosa". Ele enfatizou que o ponto de atenção deve estar na qualidade do planejamento da expansão e na qualidade das termelétricas que estão sendo contratadas.