Sistema energético brasileiro é robusto e blecaute foi surpresa, diz engenheiro

11/11/2009 - 17h13

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor da área de energia do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, Carlos Augusto Kirchner, disse estar surpreso com a falta de energia ocorrida ontem (10) no Brasil e no Paraguai. Segundo ele, o sistema energético brasileiro é complexo, mas tem recebido investimentos para torná-lo mais robusto e menos sujeito a esse tipo de contingência. “É surpreendente pelo fato de ter tomado uma dimensão tão grande pelo número de locais atingidos e pelo tempo de demora da recomposição do sistema”.Kirchner afirmou que blecautes continuarão acontecendo, mas que espera que não tomem a proporção observada ontem e que os mecanismos de proteção do sistema façam um “ilhamento” do sistema de transmissão, para que a falta de energia fique circunscrita apenas a uma região. “Temos que ter certa cautela agora para investigar as causas, porque o sistema não conseguiu enfrentar um problema para o qual ele estava preparado, e o motivo da demora para recompor o sistema. Não se sabe o que aconteceu, sabe-se que foi uma coisa completamente nova, inusitada”. O engenheiro ressaltou que o país está em uma situação favorável, com seus reservatórios hídricos cheios, sem necessidade de ligar as usinas termoelétricas que permanecem desligadas, não ultrapassa um período de racionamento de energia e tem o sistema de transmissão robusto, com mais linhas interligadas e mais proteções ao sistema, motivo pelo qual o blecaute é ainda mais surpreendente. “Estamos em uma situação oposta a que seria em um período de racionamento. Com relação aos reservatórios estamos em uma situação que nunca estivemos”. Kirchner disse ainda que não se pode atribuir a falta de energia a gargalos do sistema já que todas as obras de infraestrutura e expansão de transmissão necessárias e previstas têm sido feitas, diferente da situação ocorrida em 1999, quando ocorreu um blecaute semelhante por causa de problemas na subestação de Bauru. “A época era de transição de modelo de transmissão anterior para o atual. Nesse período as coisas não estavam engrenadas e haviam obras planejadas para serem feitas que estavam atrasadas. Isso não ocorre mais”.