País quer aplicar parte das reservas internacionais no Brasil

10/11/2009 - 11h44

Ivanir José Bortot*
Enviado Especial
Teerã (Irã) - O governo iraniano quer aplicar de parte de suas reservasinternacionais no Brasil, dentro de um conjunto de medidas que prevêainda a criação de um banco bilateral e o uso de moeda local nastransações comerciais. Embora a proposta do governo iraniano seja deconhecimento da área diplomática do Brasil, ela ainda não chegou ao presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, segundo a assessoria de imprensa do BC. A iniciativa na área bancária efinanceira fará parte dos assuntos que serão tratados durante a  visita dopresidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, prevista para este mês. Oestabelecimento de mecanismo financeiro bilateral faz parte daestratégia de fortalecimento das operações comerciais entre os doispaíses. A expectativa do Irã é de que o Brasil possa oferecer umalinha de crédito para exportações de bens e serviços. O governoiraniano depositaria recursos em uma conta-garantia no Brasil, queserviria para mitigar o risco das operações e, desse modo, reduzirsignificativamente o custo do seguro de crédito.A políticaexterna do Irã,  desde a ascensão de Ahmadinejad ao poder,passou a atribuir elevada prioridade ao diálogo Sul-Sul ao fazerarranjos de cooperação com países como Cuba, a Nicarágua e Venezuela. OBrasil deve receber o mesmo tratamento e espera-se, em cinco anos,elevar para US$ 15 bilhões as relações de comércio entre os dois países, atualmente em torno de US$ 1 bilhão.  Como aprofundamento dessas relações,  no âmbito do comércio e do sistemafinanceiro, as autoridades iranianas acreditam na atratividade doBrasil como destino de investimentos estatais e privados. Para elas, os capitalizados fundos de pensão do Irã, como o fundo de aposentadoriados funcionários da National Iranian Oil Company (Nioc, a sigla em inglês), devem fazeraportes de recursos em diversos segmentos da economia brasileira. Acrise política envolvendo o programa nuclear iraniano tem fechado asportas do sistema financeiro internacional ao Irã. Uma parcela dosinvestimentos iranianos no mercado europeu teve que ser realocado parao Japão, a África do Sul e a Malásia. O Brasil pode ser beneficiado com partedesses investimentos.