Miguel Jorge diz que governo não teme reação americana a retaliações comerciais

10/11/2009 - 17h10

Renata Giraldi*
Enviada Especial
Maputo - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,Miguel Jorge, disse hoje (10) que a decisão pioneira do governofederal de sobretaxar 222 produtos norte-americanos considerou comopreocupação a escolha de mercadorias que não prejudiquem aindústria nacional. A medida é uma retaliação aos subsídiospagos pelo governo norte-americano à produção local dealgodão“Tivemos a preocupação de não dar um tiro no pé.Em jogo há US$ 1 bilhão”, afirmou o ministro, em entrevista àAgência Brasil. “Nossa preocupação foi sobretaxar algoque não prejudique a indústria nacional.”Miguel Jorge,que está em viagem à África com um grupo de 98 empresáriosbrasileiros, disse que não teme os reflexos políticos da retaliaçãoaos Estados Unidos. “Nós tivemos o direito de fazer isso, com oapoio da OMC [Organização Mundial do Comércio]. Os EstadosUnidos não se preocuparam com as questões políticas na hora defixar o subsídio ao nosso algodão”, afirmou.A lista deprodutos preparada pelo governo federal inclui tecidos,eletrodomésticos, veículos, material hospitalar, frutas, peixes,complementos alimentares, cosméticos e algodão penteado, entreoutros.“Estamos dentro das regras internacionais”,ressaltou o ministro. Os especialistas brasileiros afirmam que osnorte-americanos descumpriram as normas da Organização Mundial doComércio (OMC). Em agosto, a organização autorizou o Brasil aaplicar sanções aos Estados Unidos em resposta à rejeiçãonorte-americanos em eliminar os subsídios aoalgodão.Paralelamente, ontem (9) o governo do Brasil pediu àOMC autorização para aplicar as sanções comerciais. De acordo coma resolução, poderá ser aplicada tarifa adicional de até 100pontos percentuais sobre a que já é cobrada na importação de cadaproduto. A lista, que tem 222 itens, ficará em consulta públicaaté o dia 30 de novembro.Em outubro, foi criado um grupotécnico interministerial para estudar as possibilidades deretaliação aos Estados Unidos em resposta aos subsídios que o paísconfere a seus produtores de algodão e que prejudicam a produçãoe exportação brasileira do produto.No mês passado, odiretor do Departamento de Economia do Ministério das RelaçõesExteriores, Carlos Márcio Cozendey, calculou que, atualizados osvalores estipulados pela OMC, com base no ano de 2006, a retaliaçãopode chegar, este ano, a US$ 800 milhões. De acordo com a arbitragemda OMC, o Brasil só poderá aplicar a retaliação cruzada se osvalores ultrapassarem US$ 460 milhões.