Empresários brasileiros acham positiva a decisão de retaliação comercial aos Estados Unidos

10/11/2009 - 16h35

Renata Giraldi*
Enviada especial
Maputo - Empresários brasileiros, cujos setores poderão ser atingidos com a sobretaxação de 222 produtos importados dos Estados Unidos, comemoraramhoje (10), na capital moçambicana, a iniciativa, adotada em retaliação aos subsídios ilegais concedidos pelo governo norte-americano a seus produtores de algodão. Para alguns deles, a iniciativa funcionarácomo estímulo, enquanto outros afirmam que não haverá um impactoexpressivo no mercado nacional, porque vários dos produtos jásofrem com as taxas elevadas.O empresário gaúcho Luís Cusin, da rede despas Kurotel, acredita que a decisão do governo brasileiro inicialmentetenha efeitos positivos em sua área de atuação. “Em umprimeiro momento será positivo. Não vejo problema algum e acreditoque abrirá mais espaço para os produtos nacionais”, disse ele,que também participa da missão ao sul da África.Ontem (9)a Câmara de Comércio Exterior (Camex) publicou a lista de produtosimportados dos Estados Unidos. O objetivo é sobretaxar 222 produtosem retaliação aos subsídios pagos pelo governo norte-americano àprodução local de algodão. A ideia é incluir tecidos,eletrodomésticos, veículos, materiais hospitalares, frutas, peixes,complementos alimentares, cosméticos e algodão penteado, entreoutros produtos.A empresária Bianca Stumpf Linck, daBrastex, que produz panos de chão e algodão farmacêutico, elogioua decisão do governo brasileiro. “Acredito que isso incentiva afabricação dos produtos nacionais. A princípio, funcionará comoestímulo na minha área, que é de têxteis e algodão”, afirmouBianca.Alguns setores avaliam que os efeitos não devem ser grandes. “O impacto é muito pequeno,porque hoje importa-se pouco dos Estados Unidos nos setores quedeverão ser sobretaxados”, afirmou o vice-presidente da AssociaçãoBrasileira de Supermercados (Abras), João Batista Lohn, que integrauma missão de empresários ao Sul da África, organizada peloMinistério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior.Segundo especialistas brasileiros, os norte-americanosdescumpriram as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).Em agosto, a organização autorizou o Brasil a aplicar sanções aosEstados Unidos em resposta à recusa norte-americana em eliminar ossubsídios ao algodão.