Cfemea defende punição para estudantes que participaram de agressão à aluna da Uniban

10/11/2009 - 21h17

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Osestudantes que agrediram a aluna Geisy Arruda por usar um vestidocurto na universidade deveriam ser punidos, na opinião daassessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria(Cfemea), Patrícia Rangel.

“Deveriahaver sim algum tipo de punição em relaçãoaos agressores. Porque foi feito um ato de violência contra umaaluna e os agressores devem ser punidos. Até porque se tratade um caso típico de violência contra às mulheres”,afirmou em entrevista à Agência Brasil.

Ovice-reitor da Universidade Bandeirante (Uniban), Ellis Brown ,instituição onde ocorreu a agressão, dissehoje (10) que os alunos envolvidos no episódio não serãopunidos. A universidade optou por um ciclo de palestras em vez deaplicar medidas disciplinares. Por conta dessa nova opção,a instituição reintegrou a aluna vítima daagressão, que havia sido expulsa.

Durantea entrevista coletiva para esclarecer o caso, o vice-reitor da Unibanafirmou que o incidente não foi uma questãode gênero ou de vestimenta, mas uma discussão depostura. A “postura” foi o motivo apontado por Brown para aexpulsão de Geisy.

Noentanto, para a assessora do Cfemea, o incidente é “umexemplo claro de violência de gênero e de violaçãodos direitos humanos”. Segundo Patrícia Rangel, o argumento de que a vítimaé responsável pela agressão é comumenteutilizado nas violências de gênero. “Definitivamente, ainstituição reproduz esses valores machistas quedeterminam que cada sexo tem uma regra de conduta e uma regra devestuário”, disse.

Quanto aproposta educacional da universidade, a assessora da Cfemea disse que parece setratar de uma maneira de reforçar as ideias que gerarama agressão. “A impressão que nós tivemos éque seria um processo educativo moralizante, para enquadrar aindamais esses padrões de conduta femininos e masculinos. Issoseria sem dúvida a pior decisão”, afirmou.

Patrícia Rangelacredita que deveria ser realizado um trabalho para conscientizar osalunos sobre a igualdade de gênero, “de forma a defender asliberdades individuais e a autonomia”.