Encontro de cinema negro reúne produções brasileiras, africanas, caribenhas e norte-americanas no Rio

09/11/2009 - 21h39

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Foi aberto hoje (9) no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro,o 3º Encontro de Cinema Negro Brasil, África e Américas, com 49 títulos que serão exibidos em salas da cidade até o próximodia 18. Prestigiaram a cerimônia o ministro Edson Santos, da IgualdadeRacial, e o presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo.Serão apresentadas23 produções brasileiras, 14 africanas, cinco caribenhas, cinco norte-americanas,uma canadense e uma colombiana entre longas de ficção e de médias e curta metragens. O ator, cineasta e roteirista ZózimoBulbul, curador do encontro, classifica-o como “o nosso quilombocinematográfico, o nosso ponto de resistência”:O curador contra que “a produção defilmes na África é enorme, só a Nigéria faz 300 filmes por ano. Nósestamos na faixa dos 30 e quando temos mais produções, como agora, éuma festa. O governo fez a lei para mais cinemas nas cidadesbrasileiras, mas quero ver as obras”. Segundo ele, “nossa meta é promover o diálogo entre Brasil e África e mostrar que hámuitas semelhanças entre as duas culturas, mesmo depois de tanto tempode ruptura”.Exemplo desta identidade é o documentário Barracão –Um Olhar Carnavalesco, do diretor estreante Waldir Xavier, de 41 anos,formado em edição de som e de imagem na França. O filme foi feitodurante um ano inteiro, tendo como personagem central o carnavalescoWagner Gonçalves e trata do processo de construção do desfile de umaescola de samba, desde o barracão até a avenida.“A escola é aAcadêmicos do Cubango, de Niterói, que desfilou homenageando MercedesBatista, a primeira bailarina negra no corpo de baile do TeatroMunicipal, nos anos 40. É um documentário sobre uma escola quevai fazer 50 anos no mês que vem que tem origem numa comunidade negra deNiterói”.A bailarinaMercedes Batista tem uma ligação antiga com o carnaval carioca, explicaWaldir Xavier, porque foi a responsável pela coreografia da dançaexecutada por Isabel Valença como Chica da Silva, no desfile vitoriosodo Salgueiro, em 1963.Além do Centro Cultural da Justiça Federal, o Encontro do Cinema Negro também teráatividades no cine Odeon-Petrobras, no Centro Afro-Carioca de Cinema,numa tenda armada na Lapa e no Espaço Tom Jobim.