Declarações de Chávez podem dificultar votação sobre adesão da Venezuela ao Mercosul

09/11/2009 - 11h59

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Aconvocação do presidente venezuelano, Hugo Chávez,aos militares do país para que eles se preparem para uma guerra contra aColômbia deve dificultar a votação, no Senadobrasileiro, do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul.No programa semanal Alô Presidente, veiculado ontem (8),Chávez pediu à população que defenda opaís contra eventuais invasões do territóriovenezuelano por militares americanos e colombianos, a partir dasbases instaladas na Colômbia.Ovice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF), afirmouà Agência Brasil que o ato de Chávez “vaiser um complicador” para a votação do documento naquarta-feira (11), como foi acordado entre o presidente JoséSarney (PMDB-AP) e alguns líderes, na semana passada.DEM e PSDBdevem tomar providências já no início destasemana para tentar inviabilizar a votação da matéria.O presidente da Comissão de Constituição eJustiça (CCJ), Demóstenes Torres (DEM-GO), pretendepedir ao líder de seu partido, José Agripino Maia (RN),que converse com Sarney para suspender a votação naquarta-feira.“Vamosmostrar que mais uma vez Hugo Chávez tenta incendiar ocontinente”, afirmou Torres.Jáo vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), afirmou que oseu partido defenderá, no plenário, que o Senadosuspenda as discussões sobre o apoio brasileiro ao ingresso daVenezuela ao Mercosul. Na sua avaliação, o própriopresidente do Senado tem adotado a postura de delegar ao plenáriodecisões desta envergadura.O tucanoacrescentou que esta postura não impede os líderes deconversarem com José Sarney para transferir a votaçãoda matéria até que fique mais clara a postura adotadapelo presidente da Venezuela.O senadorRenato Casagrande (PSB-ES), considera necessário estudarmelhor este assunto até quarta-feira. Ele reconheceu, noentanto, que Hugo Chávez em nada ajuda o governo brasileiropara viabilizar a aprovação do protocolo no Senado.Casagrandeafirmou que com declarações desse tipo o venezuelano sócria problema para a base do governo que é favorável aoingresso do país ao Mercosul.As declarações de Chávez foram feitas em ummomento de crescente tensão na fronteira com a Colômbiae da assinatura de um acordo militar entre os governos colombiano eamericano, segundo informações da BBC Brasil.“Senhores oficiais, amelhor forma de evitar a guerra é preparando-se para ela”,afirmou Chávez, durante o programa dominical de rádio eTV Alo Presidente. "Não percam tempo em cumprir com odever de preparar-nos para a guerra e ajudar o povo a preparar-separa a guerra, porque é uma responsabilidade de todos”,disse.A crise diplomáticaentre Colômbia e Venezuela se aprofundou nas duas últimassemanas, quando dois militares venezuelanos foram assassinados noEstado fronteriço de Táchira por supostosparamilitares.