UNE condena decisão de expulsar universitária ameaçada de linchamento em São Paulo

08/11/2009 - 13h20

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente da União Nacional dos Estudantes(UNE), Augusto Chagas, considerou “descabida” a decisão daUniversidade Bandeirante (Uniban) de expulsar a aluna Geisy Arruda,após o episódio em que ela foi humilhada por outros alunos por usarum vestido curto. De acordo com Chagas, a atitude criminaliza avítima. “É como nos casos em que se responsabiliza a vítima deum assalto por estar segurando a carteira, ou se diz que uma mulher éculpada quando sofre um assédio ou abuso por causa da sua roupa.Isso nos parece lamentável”, afirmou. A UNE, segundo ele, vai chamar a atenção deoutras instituições para que recebam a aluna, se for o caso,inclusive oferecendo bolsas de estudo a ela. “Não podemos permitirque ela interrompa sua trajetória escolar por causa disso”,completou Chagas. Ele demonstrou ainda preocupação com apossibilidade de o caso gerar reações negativas quanto àorganização coletiva de estudantes. Segundo o presidente da UNE, afalta de espaço de mobilização dos alunos para assuntosimportantes da vida acadêmica é um dos fatores que propiciam essetipo de interação não saudável. Em nota publicada hoje em jornais de São Paulo,estado onde fica a Uniban, a instituição responsabiliza a alunapelo episódio ocorrido no último dia 22, quando estudantes formaramuma multidão que a ameaçou de linchamento por causa da roupa queela usava. “Foi constatada atitude provocativa da aluna,que buscou chamar a atenção para si por conta de gestos e modos dese expressar”, diz a nota da Uniban. A instituição considerouainda que a atitude dos outros alunos foi uma “reação coletiva dedefesa do ambiente escolar”. Apesar de também suspender, temporariamente, dasatividades acadêmicas os demais alunos envolvidos e devidamenteidentificados no incidente, a universidade ressaltou o apoio a seus“60 mil alunos injustamente aviltados” pela cobertura midiáticasobre o caso.