Qualificação do trabalhador será fundamental para crescimento do Brasil, diz especialista

05/11/2009 - 16h16

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A perspectiva de que a economia do país possa crescer apartir do próximo ano entre 5% e 6% vai agravar a carência deprofissionalização no mercado de trabalho, segundo avaliação feita peloprofessor do Instituto de Economia da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro (UFRJ) Cláudio Salm.Para ele, o processo de qualificação do trabalhador brasileiro será fundamentalna terceira revolução industrial que está a caminho e deve passar pelamelhoria do ensino fundamental. "A escola de ensino básico precisapromover a autoestima do estudante pobre, evitando o excesso dereprovação e a humilhação que ele sofre, pressionado também pordefeitos do sistema  educacional", disse Salm durante o seminário Tendências e Desafios da Formação de Trabalhadores Para o Desenvolvimento Brasileiro, realizado hoje (5) em Brasília, organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).Parao professor, os 25 anos de estagnação econômica que o país viveu trouxe"um marasmo que atrasou a produção, afetando a qualificação na basetécnica". "Estamos caminhando para um mercado de massa em que a melhoradas condições de vida da população abriu caminho para que ela entrasseno desenvolvimento. Por isso é preciso uma interação das empresas com osistema de formação profissional, para atendimento a um número maior deconsumidores."Salm chama atenção, no entanto, para o cuidadona escolha dos cursos que prometemqualificação, como por exemplo, em informática e inglês, para que o estudante não se depare com "picaretagens". Ele sugere a criação de um programa de concessão de bolsas, como o Programa Universidadepara Todos (ProUni), para a educaçãoprofissionalizante. O ProUni concede bolsas de estudo integrais e parciais em cursos degraduação e sequenciais de formação específica, em instituiçõesprivadas de educação superior e oferece isenção de alguns tributos àsinstituições de ensino que aderem ao programa. Ocoordenador da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica(Setec), do Ministério da Educação (MEC), Aléssio Trindade afirmou que  atualmente está sendo feito um trabalho de interação curricular entreo ensino tradicional e a formação profissionalizante, o que "eraconsiderado de forma separada" nos governos anteriores. Também estão sendodesenvolvidos programas nas escolas em parceria com oSistema S, que congrega a indústria e o comércio, para oferta de cursostécnicos gratuitos, direcionados à população de baixa renda. SegundoTrindade, até o final de 2010 já estarão funcionando 354escolas de ensino profissionalizante.Esses estabelecimentos serão localizados no interior e naperiferia de grandes cidades com o intuito de, em cada local, ampliar vocação dodesenvolvimento regional com integração das políticas públicasestaduais. De acordo com dados apresentados pelo coordenador, dos183 milhões de brasileiros 13% completaram o ensino médio. Desse total, 4% têm entre 15 anos ou mais de estudo. Da faixa etária de 15 a 17anos, 17,5% da população está fora da escola. Dos 27 milhões de jovensentre 18 e 25 anos de idade, 30% têm menos de oito anos de escolaridade.Entre eles, 25% não frequentam escola. Segundo Trindade, faltam professores especializadospara a educação profissional e a maior carência está nas cidades de interior. Ele aponta que 70% dos professores deciência que atuam no ensino médio não têm formação específica. Isso também se aplica a 90% dos professores de física e a 80% dos docentes de química. Dos 125 milhões de brasileiros que têm idade para otrabalho, 10 milhões são analfabetosou subescolarizados.  Os participantes do seminário Tendências e Desafios da Formação de Trabalhadores Para o Desenvolvimento Brasileiro vão elaborar um documento que irá listar as necessidades da educaçãoprofissionalizante no país e será enviado ao presidente Luiz Inácio Lula daSilva.