Pesquisa indica que 19,5 milhões de brasileiros tiveram ascensão de renda desde 1995

05/11/2009 - 17h42

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 13,5 milhões de brasileiros saíram dabase da pirâmide social e econômica e passaram para o nívelintermediário de renda de 1995 a 2008, segundo dados da pesquisaTrajetória da Mudança na Identidade e na Estrutura Social brasileira,divulgada hoje (5), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea). Outros 6 milhões passaram para onível superior de renda. A pesquisa divide a pirâmide em três extratosde renda: base, intermediário e superior.Asregiões Sudeste e Nordeste são as que se destacaram com a ascensão dabase para o nível intermediário de renda. Os estados do Sudesteresponderam pela passagem de 4,9 milhões de pessoas no extratointermediário, e os do Nordeste, por 4,6 milhões. Na Região Sul, saíramda base 1,5 milhão de indivíduos (11,1%), na Região Norte 1,4 milhão(10,4%) e no Centro-Oeste 1,1 milhão (8,1%).Segundoo presidente do Ipea, Marcio Pochmann, o Nordeste voltou a ter o melhordesempenho econômico no setor privado e do ponto de vista dasiniciativas públicas relacionadas aos investimentos. “Isso trouxemelhoras no mercado de trabalho. Parte significativa dos programas detransferência de renda é para a população mais pobre e que aindacontinua residindo no Nordeste", disse.Pochmannafirmou que a sociedade brasileira voltou a ter mobilidade e essequadro de ascensão social deriva das melhorias ocorridas no mercado detrabalho, em termos de ampliação do emprego e da renda. Ele explicouque os trabalhadores ocupados tiveram a maior mobilidade social.“Aideia de pirâmide social no Brasil precisa ser reconfigurada, porquetalvez estejamos caminhando para a figura de um barril como sendo umaredução da presença da população de menor renda e uma ampliação darenda intermediária, acompanhada inclusive de melhora na renda maisalta da população brasileira”, disse.A pesquisa indica ainda que apopulação mais pobre está tendo mais acesso a bens como fogão, geladeirae rádio. Com relação ao fogão, tanto em 1998 como em 2008 quase 100%dos indivíduos dos três extratos sociais possuem o bem. Já a geladeirateve sua presença aumentada para 80,1% da base da pirâmide. Com relaçãoao telefone e à máquina de lavar, 62,6% e 13,1% da população da base dapirâmide já possuem esses aparelhos.“Não é possível mais identificar na posse detelevisão, geladeira e rádio se a pessoa pertence a um extrato de rendabaixo ou alto. Praticamente há uma homogeneidade no consumo dessesbens. O que talvez diferencie seja a qualidade, a marca desses bens”,disse Pochmann.Para ele, as políticas públicasnecessitam de uma redefinição para acompanhar as mudanças sociais egeográficas do país. “Havia uma avaliação de que a maior renda estavaconcentrada na região metropolitana. Mas percebemos que há umainteriorização do segmento de maior renda e, ao mesmo tempo, as grandescidades acumularam um segmento de menor renda.”