Supremo aceita parte de denúncia contra senador tucano no chamado "mensalão mineiro"

04/11/2009 - 17h59

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O relator do processo conhecido como “mensalãomineiro”, ministro Joaquim Barbosa, recebeu a denúncia contra o senadorEduardo Azeredo (PSDB-MG) acusado pelo Ministério Público de peculato ede lavagem de dinheiro. Azeredo não teria registrado recursos usados nas contas  de sua campanha ao governo de Minas Gerais, em1998, em um suposto esquema que envolveu a empresa de publicidade SMPB, depropriedade de Marcos Valério.Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisa o processo de um esquema semelhante que teria sido usado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e denunciado em 2005 pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).Na época, Azeredo era governadorde Minas Gerais e tentava a reeleição. Ao ler parte de seu voto hoje(4) no Plenário do STF, Barbosa disse ter identificadovários indícios da existência de “peculato” (desvio de recursos por funcionários públicos), cometido pelo senador, quena época foi derrotado por Itamar Franco. O relator, no entanto, deixoupara amanhã a leitura da parte que trata do crime de lavagem dedinheiro. “Faço uma síntese dos indícios que foram revelados,mas deixo para lê-lo amanhã já que não teremos votos hoje”, disse orelator, antes de encerrar a sessão. “Decido acatar a parte quetrata de peculato e amanhã vou ler a parte que trata de crime delavagem de dinheiro.”Barbosa ressaltou queos recursos empregados pelo Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge) em patrocínios a atividadesesportivas e depositados na conta da empresa publicidade SMPB, depropriedade de Marcos Valério, são indícios de irregularidades. “Por querazão o governo empregaria recursos de patrocínio do Bemge ematividades esportivas se o banco estava em vias de privatização?". Obanco era estatal e foi vendido ao Itaú. O ministrocitou cheques repassados na época e que não eram nominais. Estes foramdepositados na conta da SMPB. As provas, de acordo com Barbosa, aparecem em depoimentos de pessoas ligadas ao Bemge, à companhia deabastecimento de água Copasa e à de energia elétrica Cemig.Ao defender o senadorEduardo Azeredo, o advogado José Gerardo Grossi disse que a denúnciaapresenta termos na forma condicional que indicam "mais incertezasdo que certezas de que algum crime foi cometido". Ele ressaltou que adenúncia não deveria ser aceita porque não caracterizou, de fato, qualseria a participação do senador Azeredo nas irregularidades.