Prefeitura do Rio cria primeiras unidades para tratamento de usuários de crack

03/11/2009 - 19h34

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Para auxiliar no tratamento a usuáriosde crack a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou hoje (3) a instalaçãode três centros de atendimento, com 60 vagas, sendo 40 para crianças eadolescentes e 20 para mulheres adultas. Os centros começarão a receber os pacientes a partir de amanhã (4). As unidades para os jovensserão instaladas em Campo Grande e Sepetiba, na zona oeste e o centro feminino no Rio Comprido, na zona norte. Cada paciente custará, por mês, cerca de R$ 2,5 mil para prefeitura.A medida faz parte do plano de ação contra o uso do crack e prevê também a capacitação de educadores sociais, de guardas municipais e campanhas publicitárias. De acordo com a Secretaria de Assistência Social, cerca de 80% das pessoas acolhidas na rede fazem uso da droga. O secretário Fernando William lembra que otratamento é difícil e a recuperação depende do usuário. "A pessoa precisa concordar com o tratamento.Não dá para levar à força. Senão, chega lá [na unidade]quebrando portas, janelas e até agredindo funcionários.”Para internação, uma das principais medidas do plano, os pacientes passarão por uma triagem da SecretariaMunicipal de Assistência Social, que atenderá por meio de umacentral telefônica e poderá também receber pedidos do Judiciárioe dos próprios dependentes químicos.O desembargador SiroDarlan, conhecido defensor dos direitos de crianças e adolescentes,presente ao anúncio da prefeitura, no Palácio da Cidade, na zonasul, elogiou a criação das primeiras unidades municipais para combater a dependência de drogas, principalmente em crianças em situação de rua, mas ponderou que as 60 vagas são “uma gotad'água” diante do "oceano" de usuários.“O ideal é investir em prevenção nas escolas, comas famílias, para atingir um público maior. Sessenta pessoas éuma gota d'água dentro desse oceano de pessoas vitimizadas pelas drogas. É uma medida louvável, mas muito tímida”,avaliou. “Se tivéssemos investido em educação integral e se naescola esse tema [das drogas] tivesse sido tratado comresponsabilidade, não seria preciso construir casas para 60crianças”, completou.O prefeito Eduardo Paesreconheceu que não é viável apenas abrir vagas para recuperar osusuários de drogas e afirmou que a medida faz parte de um conjunto deações, inclusive, de prevenção durante a infância. “Não se podeachar que vamos abrir vagas para internar todos os dependentes. Estamos fazendo um trabalho forte de prevenção nas escolas, com asfamílias, criando alternativa para os jovens da nossa cidade”,rebateu.Além das trêsunidades de internação, que foram licitadas e serão administradaspor uma instituição privada, a prefeitura anunciou para novembro ainauguração de duas casas para atuar na redução dos danoscausados pelas drogas. Nas chamadas Embaixadas da Liberdade, ascrianças terão atendimento médico e social, sem precisar ficar,obrigatoriamente, internadas.