Lévi-Strauss ajudou a entender a cultura indígena americana, aponta antropóloga da UnB

03/11/2009 - 19h00

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A morte do filósofo e antropólogo francês Claude Lévi-Strauss,anunciada hoje (3) em Paris, tem impacto especial sobre os cientistassociais brasileiros. O intelectual ajudou a fundar a antropologia noBrasil ao participar, ao longo da década de 1930, de uma missãofrancesa que ajudou a fundar a Universidade de São Paulo (USP).Opensador foi pioneiro no estudo sobre as formas de organização ecomportamento dos povos indígenas do continente americano. Com base empesquisas e expedições feitas no Brasil com povos indígenas de MatoGrosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, Lévi-Strauss escreveu em 1955 olivro Tristes Trópicos. “Ele permitiu contato íntimo com a mentalidadeindígena”, diz a professora do departamento de antropologia daUniversidade de Brasília (UnB) Marcela Coelho de Souza que considera o trabalho de Lévi-Strauss imprescindível.“Sua obra éincontornável se queremos entender como pensam os índios”, diz aprofessora citando também outros livros americanistas como as chamadas“obras mitológicas”: O cru e o cozido (1964); Do mel às cinzas (1966);A origem das maneiras à mesa (1968) e O Homem Nu (1971).Para aprofessora, que é coordenadora do curso de graduação de antropologia naUnB, o pensamento de Lévi-Strauss não está superado. “Ele é um clássicoe assim cobre muitas leituras. Sua análise pode ser lida e utilizadaainda hoje diante de outros paradigmas”, defende.