Sobreviventes do acidente com o C-98 afirmam que habilidade dos militares foi fundamental

02/11/2009 - 15h18

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - As causas do acidentecom o avião da C-98 Caravan da Força AéreaBrasileira (FAB) ainda não são conhecidas, mas jácomeçaram a ser investigadas pelo Centro de Investigaçãoe Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). O resultado das investigações tem atéum ano para ser apresentado. Por enquanto, a FAB e o Exércitodedicam-se a organizar a retirada da aeronave da área em que oacidente ocorreu. O local fica no Igarapé Jacurapá,afluente do Rio Ituí, no município de Atalaia do Norte,a cerca de 1.138 quilômetros ao sul de Manaus.Depoimentosprestados pelos sobreviventes revelam que a orientaçãodada pela tripulação e a calma dos passageiros foramfundamentais para que, das 11 pessoas à bordo, novesobrevivessem. De acordo com oservidor da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)Marcelo Nápoles, em nenhum momento os militares perderam acalma. Ele destacou que foi o suboficial Marcelo Dias – que nãosobreviveu - quem abriu a saída de emergência, segurou aporta e ficou esperando todos saírem.“Quando aaeronave foi batendo na água, o tenente Ananias disse 'quemconfia em Deus, confie agora porque a gente vai pousar na água',lembrou Nápoles.Segundo os relatos, no momento daqueda, todos os passageiros estavam com vida. Depois que a aeronavefez o pouso forçado, os passageiros tiveram pouco tempo parasair e tentar pisar em terra firme. Os sobreviventes relataram que aqueda ocorreu em cerca de cinco minutos, mas eles nãoconseguem se lembrar com detalhes de todo o ocorrido.“Asituação causou desespero. Só acalmou quando oavião voltou e avistou a gente. Todos se emocionaram muito.Nos abraçamos e choramos juntos”, contou Nápoles.Asobrevivente Maria das Graças Nobre conta que todos foramorientados pelo segundo-tenente José Ananias da Silva Pereiraa se prepararem para o pouso forçado, colocando-se em posiçãode emergência e de proteção. Ela contou que olocal onde o avião pousou ficava perto da parte rasa doIgarapé Jacurapá e que uma das maiores preocupaçõesera com a enfermeira Josiléia Vanessa de Almeida, que nãosabe nadar. “Na medida do possível, as pessoas conseguirammanter a calma. Tínhamos muita confiança de que oresgate seria feito”, disse.Josiléia Vanessa Almeidaconfirmou que, por não saber nadar, ficou ainda maisassustada. Contudo, ela conseguiu ser auxiliada pelos militares echegar à margem do pequeno rio com segurança. Josiléiaestá grávida de três meses e não tevenenhum problema com a gestação apesar do ocorrido. Paraela, os militares tiveram total habilidade para conduzir asituação.“Ouvimos um barulho estranho. Omesmo barulho se repetiu. O mecânico foi lá, olhou,disse que não teria jeito. Pediu para que todos ficassem emposição de impacto e tirassem os sapatos, relógiose tudo o que pudesse obstruir nossa saída”, relata.Otenente de infantaria Wanderson Menezes – um dos membros da equipede resgate – contou que a maior expectativa era encontrar todosvivos. Segundo Menezes, Josiléia foi a primeira a subir para ohelicóptero que fez o resgate dos sobreviventes. “Nessemomento, temos que colocar a emoção de lado e fazer comque o trabalho aconteça com a maior segurança possível.No caso da Josiléia, para a nossa felicidade, salvamos duasvidas, a dela e a do bebê”, disse.A retirada daaeronave do local do acidente ainda não aconteceu. A áreaestá localizada em meio a floresta e o acesso édificultado pela mata fechada. O Exército e a Aeronáuticaainda estão estudando a melhor forma para realizar oprocedimento, que pode levar dias até ser concluído.Ainda hoje, o primeiro-tenente Carlos Wagner Ottone Veiga, osegundo-tenente José Ananias da Silva Pereira e oprimeiro-sargento Edmar Simões Lourenço vãoconceder coletiva à imprensa, em Manaus, para falar sobre oacidente.