Fundação aproveita Dia Nacional do Livro e oferece 20 mil obras gravadas para cegos

01/11/2009 - 15h19

Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O acesso de pessoas comdeficiência visual a livros e revistas ainda é escasso no país e épromovido por algumas entidades que procuram estimular a leitura pormeio do método braille. No braile, a leitura é feita pelo tato e hátambém livros falados ou digitais, que a pessoa pode ouvir por meiodiscos gravados colocados num computador. A Fundação DorinaNowill para Cegos, com sede em São Paulo, comemorou o Dia Nacionaldo Livro (29 de outubro) com o oferecimento anual de 20 milexemplares de títulos universitários para cegos. Segundo o responsávelpelo desenvolvimento de produtos de informática da Nowil, RicardoSoares, a fundação, que funciona há 63 anos, começou a apoiaresse público oferecendo primeiro obras em braile, que continuadisponibilizando. Posteriormente, partiu para os livros falados,gravados em fita cassete e depois em CD. Agora, boa partedesse trabalho é feita em formato MP 3, de acordo com a demanda dosusuários, que ouvem a obra por meio de computadores por eles mesmosmanipulados. A fundação trabalha constantemente no desenvolvimentode novos métodos, com produção própria para a versão de livrosdigitais, que são emprestados para deficientes visuais em todo opaís e também no exterior. A biblioteca da Dorina Nowilltem mais de 1.270 títulos disponíveis e, a cada mês, sãoacrescentados ao acervo de dez a 15 títulos novos gravados. Aorientação para a oferta são os best sellers (livros populares entre os leitores,que figuram nas listas dos mais vendidos) que ficam no mercado de três a quatro semanas e são entãogravados de acordo com a demanda declarada pelos deficientesvisuais.Soares disse que os recursos oriundos da Lei Rouanet, que estimulaprogramas educacionais, podem ser ajuda valiosa para quem trabalha noapoio aos deficientes. A participação oficial, segundo ele, ajuda adisseminar as versões necessárias para os cegos, que não sãobaratas. Muitas instituições, como por exemplouniversidades, demandam o trabalho da Dorina. "Eificilmentealguém manifesta interesse de comprar. Todos querem mesmo é recebergratuitamente, por isso, o apoio do governo é importante para que sepossa aumentar a oferta", afirmou Soares. A bibliotecada Dorina Nowill tem um público de 2.500 clientes ativos cadastradose empresta por mês 2 mil exemplares do acervo falado, que são emgeral mandados pelos Correios, que também fazem a devolução. Osusuários se comunicam por telefone, e-mail ou vãopessoalmente à entidade, quando moram em São Paulo. Deacordo com Soares, há necessidade de capacitação de pessoas para aprodução de material para os deficientes visuais, o que é umprocesso caro e demorado, que requer incentivo governamental. Quantomais o deficiente visual puder ter acesso às obras, melhor será suaqualidade de vida. Por isso, todos têm que se envolver nisso paraajudá-los, afirmou o representante da Fundação Dorina Nowill paraCegos.A Região Nordeste concentra cerca de 57 mil pessoascegas, contra 54 mil no Sudeste. São Paulo é o estado com maiornúmero, 24 mil, seguido pela Bahia, com 15,4 mil. Em Minas Gerais eno Rio de Janeiro, que também são estados populosos, o número decegos oscila em torno de 14 mil, cada. A maioria tem pouca instrução,o que dificulta o acesso aos meios alternativos capazes de melhorarsua qualidade de vida.