Exploração do pré-sal é empreendimento caro, diz Goldenberg

30/10/2009 - 16h02

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O físico nuclear José Goldenberg afirmou hoje(30) durante o debate Pré-sal e Desenvolvimento Sustentável: Riscose Oportunidades para os Brasileiros, que o pré-sal oferece ao Brasila oportunidade de ser um exportador de petróleo, já que nãoprecisa dele para o consumo interno por produzir o necessário e osuficiente para isso.Goldenberg, que foi ministro da Educação esecretário do Meio Ambiente no governo Collor, enfatizou,entretanto, que os resultados da exploração do pré-sal devemdemorar até dez anos. Além disso, trata-se de um empreendimentomuito caro, disse ele. “O risco de sucesso quando se abre um poço nopré-sal é maior do que quando se abre um poço em terra firme ou embaixas profundidades, mas, além de a exploração ser cara, entra-seno terreno do desconhecido”, afirmou Goldenberg. Ele ressaltou queos problemas ambientais ainda não foram equacionados e lembrou essesestudos nunca haviam sido foram feitos.”Goldenberg destacou que o petróleo do pré-sal édiferente do petróleo da Bacia de Campos, porque tem mais carbono emetano misturados e que, no momento em que se retira o material paraa superfície, há aumento de carbono. “O carbono vai acabar sendotaxado e, por isso, o petróleo do pré-sal é diferente, vai sermais caro”. Além disso, a exploração pode causar problemasambientais e o licenciamento nesses casos é complicado e demorado.“Cada coisa diferente que se faz, faz surgir problemas novos.Espera-se que esses problemas possam ser resolvidos, mas háincógnitas pela frente.” Goldenberg, que também foi secretário do MeioAmbiente em São Paulo, reafirmou que a atividade em torno do pré-salserá muito intensa porque, no caso de São Paulo, por exemplo, seránecessário ampliar o Porto de São Sebastião, no litoral norte doestado, e as estradas que dão acesso à cidade. “É claro que oentusiamo por ter mais empregos e mais atividade econômica é muitogrande, mas tem que ser moderado e com respeito à atividadeambiental”.Além do cuidado com os impactos no meio ambiente,Goldenberg afirmou que é necessário não desviar a atenção dasenergias renováveis, que são para sempre. “O petróleo seráexaurido e todo o mal que ele fez acaba ficando lá. Com as energiasrenováveis, essas coisas não acontecem. Há uma euforia exageradacom o pré-sal. Não se pode voltar as costas para o pré-sal, mastemos que ir com prudência nessa exploração”, alertou.O deputado Antonio Palocci (PT-SP), relator doFundo Soberano Social que será criado com os recursos obtidos com opetróleo do pré-sal, disse que qualquer governo que entre procurarádar o melhor uso possível a um fundo como esse. “N nossa preocupação é fazê-lo crescer omáximo possível, no mais longo prazo, para evitar os efeitosnegativos que pode ter um recurso de curto prazo, que são os efeitosambientais, fiscais e cambiais”, afirmou.