Brasil tem que defender meta global de emissões, diz consultor do Ministério do Meio Ambiente

29/10/2009 - 0h35

Luana Lourenço*
Enviada Especial
Belém - A posição brasileira para a Conferência das NaçõesUnidas sobre Mudança Climática, em dezembro, emCopenhague (Dinamarca), só deve ser definida na próxima semana pelo presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. A principal ideia em discussão é a do Ministério doMeio Ambiente (MMA), de reduzir as emissões nacionais de gases de efeito estufaem 40% até 2020, baseada principalmente na queda do desmatamento. Um dosautores da proposta, o consultor do MMA, Tasso Azevedo, argumenta que o Brasildeve ir além e defender uma meta global de emissões.“O Brasil tem a obrigação de propor uma meta global. É preciso liderar para queos países desenvolvidos saiam do imobilismo”, defende.Os ministérios da Ciência e Tecnologia e das Relações Exteriores – encarregadoda negociação diplomática – têm ressalvas a compromissos mais ousados sem quehaja contrapartida dos países ricos, que, segundo as regras internacionais doclima, contribuíram mais para o aquecimento do planeta e por isso têm queassumir responsabilidades maiores no enfrentamento do problema. Segundo Azevedo, sem um limite global de emissões, “que diga quanto o planetapoderá emitir”, não é possível fechar a conta para definir mecanismoscompensatórios, como a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (Redd).O risco é que os países desenvolvidos comprem créditos de reduções feitas poroutras nações e continuem a emitir gases estufa sem restrições. “O Redd não pode cometer o mesmo erro do MDL [Mecanismo de DesenvolvimentoLimpo], que é falido do ponto de vista da redução de emissões”, avalia. A pouco mais de um mês da reunião, Azevedo teme a movimentação internacional emtorno de um plano B para Copenhague. Alguns negociadores já cogitam adiar parameados de 2010 adecisão sobre o novo acordo climático que ampliará o Protocolo de Quioto . “Isso é desonesto com o processo. Temos forçado a barra paranão deixar a bola cair e forçar uma decisão em Copenhague.”Um dos freios da negociação, segundo Azevedo, é a expectativa internacionalpela posição dos Estados Unidos, que podem chegar à conferência sem a leiclimática nacional votada pelo Senado. “Estamos sendo complacentes com os EUA,o mundo está esperando a lei americana para definir o que os outros paísespoderão fazer. Isso é um absurdo, porque o que eles pretendem fazer é muitopouco.”