Conjunto habitacional no Rio tem prédio ameaçado de desabar, segundo os moradores

28/10/2009 - 19h04

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Quarenta apartamentos do Bloco 2 do Conjunto Habitacional Zaira Duna, no subúrbio de Brás de Pina, no Rio de Janeiro,podem desabar a qualquer momento, segundo os moradores, que chamaram aDefesa Civil hoje (28) para avaliar o risco real. Depois da inspeção, oprédio foi liberado, mas em seis meses terão de ser feitas obras para reforço estrutural que evitem mais corrosão dos pilares, já com rachaduras visíveis.“Euchamei a Defesa Civil esta manhã porque os estalos dentro de casaaumentaram muito esta madrugada”, disse a técnica de enfermagem LúciaElena de Vasconcelos, do apartamento 101. Alarmada, ela procura umlugar para alugar nas redondezas, mostrando os vidros trincados e asgrades quase soltas nas janelas.O conjunto habitacional tem 880apartamentos em prédios de cinco andares e foi inaugurado em 1970 paraabrigar ex-favelados transferidos, em sua maioria, da favela daCatacumba, na Lagoa Rodrigo de Freitas. Entre os mais antigos estáEdinólia Ferreira da Silva, cuja preocupação é reivindicar as obras doprédio pela Companhia Estadual de Habitação (Cehab).“Nós nãotemos como pagar R$ 1.000 ou R$ 1.500 para essa obra dereparação. Deixei meu barraco na Catacumba e vim morar aqui pagando umataxa mínima. Agora já está quitado o apartamento. Onde eu vou arrumardinheiro para obra?”, perguntou.Uma das moradoras maisexaltadas, Sandra Viana Antunes, do 106, descascou com os dedos apintura e parte do reboco da parede externa do Bloco 2, acusando aprecariedade do prédio.“Isso aqui foi construído com materialde péssima qualidade, as paredes dos apartamentos são pura areia. Temque trocar tudo, reforçar a estrutura, trocar toda a rede hidráulica ea fiação, porque tudo aqui tem mais de 40 anos sem uma reformadecente”, afirmou.Lúcia Elena contou que houve uma obrasuperficial entre 1999 e 2000, “só massa corrida e pintura”. Aaparência do Bloco 2 é de mais antigo do que os blcocos vizinhos, embora todos sejamda mesma época. As paredes externas exibem infiltração em toda suaextensão, em várias partes o reboco está exposto e em alguns pontossoltaram-se pedaços. Grades de proteção presas nas janelas sesoltam com um simples puxão, revelando o nível de umidade infiltrada naestrutura.Embora com a garantia da Defesa Civil de que não hárisco de desabamento iminente, os moradores se organizam e uma comissãodeve procurar o secretário de Habitação, Jorge Bittar, amanhã (29),em busca de solução imediata, porque o problema principal, a falta dedinheiro, não admite o custeio da obra prevista pelas autoridades para ospróximos meses.