Grupo do Bric avalia não usar dólar no comércio entre Brasil China, Índia e Rússia, segundo Meirelles

27/10/2009 - 19h59

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente do BancoCentral, Henrique Meirelles, disse hoje (27) que há estudos parauma eventual substituição do dólar norte-americano no comércioentre os países que formam o Bric (Brasil, Rússia, China e Índia),a exemplo do que já está em andamento com a Argentina e o Uruguai.Meirelles nãoespecificou como a alteração funcionaria. Apenas comentourapidamente sobre essa possibilidade, em resposta a questionamentofeito durante reunião da bancada do PMDB, na Câmara dos Deputados,para comemorar a recente filiação do presidente do BC ao partido.No encontro, ele fez palestra sob o tema Brasil: Superação da Crisee Retomada do Crescimento.Ele ressaltou que jáfunciona entre o Brasil e a Argentina um sistema de pagamento emmoeda local (SML), que permite aos exportadores dos dois paísesliquidarem suas operações em real ou em peso argentino, dependendodo interesse dos envolvidos na comercialização. Sistema que estáem fase de implantação também entre o Brasil e o Uruguai.As vantagens do uso demoedas locais nas operações bilaterais de compra e venda começampela redução de custos da operação, por não pagar comissão naconversão de uma terceira moeda - no caso, o dólar, que é a moedacomercial em todo o mundo. A alternativa também provoca aumento deliquidez e de eficiência do mercado de câmbio nas moedas locais, deacordo com informe do BC, na semana passada, quando anunciou a cartade intenções Brasil-Uruguai sobre o SML.O sistema bilateral depagamentos é mais uma contribuição para o processo de integraçãoeconômica entre as nações envolvidas e ajuda a consolidar osvínculos de cooperação entre os bancos centrais, além deconsolidar o fortalecimento do Mercado Comum do Sul (Mercosul), nocaso do Brasil, da Argentina, do Uruguai e Paraguai, que será incluído nanova sistemática em futuro próximo.Não há legislaçãoespecífica a respeito do sistema de pagamento em moeda local.Trata-se, na realidade, de uma concessão, pelos governos, de umaoutra maneira de realização das transações comerciais bilaterais,com mais facilidade, a ser usada voluntariamente, a critério dointeresse dos importadores e exportadores.Questionado pordeputados do PMDB e por jornalistas, que queriam saber sobre seufuturo político, o presidente do BC disse que assumiu compromissocom o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de continuar à frente daautoridade monetária até março do ano que vem. “Até lá, estoutotalmente focado, 100% dedicado ao Banco Central”, garantiuMeirelles, adiantando que uma possível candidatura será analisadasó na segunda quinzena de março.