Cientistas sociais querem aumentar participação na política de C&T

27/10/2009 - 7h55

Gilberto Costa*
Enviado Especial
Caxambu (Minas Gerais) - Em maio dopróximo ano, o Brasil fará a 4ª Conferência Nacional de PolíticaCientífica (C&T), e os sociólogos, antropólogos e cientistaspolíticos querem fazer uma “intervenção” maior no debate. A maiorparticipação dos cientistas sociais na agenda pública foi a tônica daabertura ontem (26) à noite do 33º Encontro Anual da Associação dePós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) que ocorre emCaxambu (MG) até a próxima sexta-feira (30). Deacordo com a presidente da associação, Maria Alice de Carvalho, “épreciso dar mais uma volta no parafuso da institucionalização daAnpocs” e tornar a entidade, que é “uma federação de programas depós-graduação” (87 no total), mais ativa na formulação de planos deação de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento. Duranteo encontro, haverá uma sessão especial de debates sobre políticacientífica.Além da política de C&T, a Anpocs quer ter umapapel mais ativo na discussão sobre o ensino de sociologia no ensinomédio, na reforma da universidade e tratar também da graduação. “Nospreocupamos com o que acontece na pós-graduação, mas hoje a gentepercebe que se queremos fazer uma intervenção mais sistemática, teremosque discutir a graduação. Ela causa impacto nos outros níveis deensino”, disse à Agência Brasil Cícero Araújo, secretário executivo daAnpocs.De acordo com Cícero Araújo, a Anpocs também tem poucainformação sobre o aproveitamento dos cientistas sociais pós-graduadosno mercado de trabalho. “Sabemos que hoje até os bancos dedesenvolvimento precisam de mais cientistas sociais”. Aumentar oconhecimento sobre o destino dos cientistas sociais pode auxiliar nadiscussão das políticas de Estado.Para o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luiz Manuel Rebelo Fernandes, oscientistas sociais têm produzido “conhecimento relevante para aformulação das políticas públicas brasileiras”. Segundo ele, a Finepapoiará a Anpocs a ser um “interlocutora mais importante”. O presidenteda financiadora imagina uma agenda de pesquisas para os cientistassociais sobre a mobilidade social, a ampliação de políticas públicas,os novos padrões de socialização e o papel do Estado como promotor dodesenvolvimento.A Finep e a Anpocs assinaram ontem um convêniode R$ 680 mil para criar um portal eletrônico para as redes depesquisa. O portal, que deverá entrar em funcionamento no próximosemestre, terá o acervo das pesquisas das ciências sociais brasileiras.*O repórter viaja a convite da Anpocs