Mudança no perfil de imigrante faz número de estrangeiros no Brasil ser o menor da história

25/10/2009 - 16h02

Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Brasiltem atualmente o menor número de estrangeiros de toda a sua história: cerca de 1 milhão de pessoas, que representam aproximadamente 0,4% da população que mora no país. Aexplicação, segundo o secretário executivo do Ministério daJustiça, Luiz Paulo Barreto, pode estar na mudança do perfil doestrangeiro que vem para o Brasil.“Até metade da década de 90 [do século passado] nósrecebíamos imigrantes empreendedores. Eram chineses,coreanos, libaneses, que vinham ao Brasil tentar montar pequenosnegócios. [Depois disso, o] cenário se modificou. Vimos o Brasil começar a receber [trabalhadores sazonais], mão de obra qualificada ou especializada, que [chegou ao país por causa do] desenvolvimento da indústria de petróleo, da indústriaautomobilística, da química pesada e da física também”.Segundo Barreto, esses executivos de multinacionais permanecem no paíspor no máximo dois anos, sem as famílias, e em seguida vão para outros países, deixando os cargos parabrasileiros. Além deles, há os migrantes sul-americanos, que atravessam as fronteiras paravir ao Brasil em busca de emprego e melhores condições de vida. Apesar do grande fluxo dos vizinhos, especialmente osbolivianos, Barreto garante que o trânsito de fronteira tem semantido estável.“Esse trânsito está acontecendo na mesmaintensidade, não houve nenhum fator que indique que a migraçãofronteiriça tenha aumentado em termos quantitativos. O que há nestemomento é uma redução do fluxo migratório, nós estamos mandandomais brasileiros para fora, ao contrário de antes, quando nosrecebíamos mais”.De fato, a quantidadede brasileiros que moram fora do país, cerca de 3,5 milhões depessoas, tem sido motivo de maior atenção das autoridadesdo que o fluxo inverso. Os Estados Unidos são o país com a maior quantidade de brasileiros: 1 milhão de imigrantes. O Paraguai ocupa o segundo lugar, com 400 mil e o Japão,que atualmente tem 270 mil brasileiros – embora antes da crise esse número chegasse a 315 mil.De acordo com o chefeda Subsecretaria-Geral de Comunidades Brasileiras no Exterior, Oto Agripino Maia, o perfil das colônias nesses trêslugares é bastante diferente.Os brasileiros que moram nos EstadosUnidos e na Europa são, em geral, de baixa qualificaçãoprofissional, e trabalham em funções que não são de interesse dostrabalhadores locais. No Paraguai e na Bolívia vivem produtores rurais, em muitos casos de médio e grande porte,que contribuem para a produção agrária desses países de maneira“substancial”, segundo o embaixador.No Japão, osimigrantes brasileiro trabalham em fábricas, quase sempre a convitede empreiteiros japoneses e viajaram com tudo organizado, portantonão sofrem muito com problemas de regularização.“Umacaracterística que eu posso dizer que é comum a toda a comunidadebrasileira no exterior é que ela é muito trabalhadora e muitorespeitadora das leis. Diferentemente de outras comunidades,inclusive latino-americanas, os brasileiros não seenvolvem com atividades criminosas ou com o crime organizado”.Está em curso umprograma de anistia de imigrantes irregulares no Brasil. Até o dia 31 deste mês, eles podem procurar qualquer posto da PolíciaFederal para dar entrada na sua regularização. Para isso, é necessário apenas não ter antecedentes penais. De acordo com osecretário executivo do Ministério da Justiça, com isso o Brasilespera também poder contar com melhor tratamento para seusimigrantes em outros países. Para ele, é inaceitável que ummigrante seja preso por estar sem visto. “Isso não é uma questãopenal, não deve ser tratada assim. Essa é uma questãoadministrativa. E nós estamos querendo mostrar que não vamos entrarnessa onda de tratar imigrante como criminoso”, afirma Barreto.Espera-se que, até a data prevista, 50 mil estrangeiros sejamregularizados no Brasil, ficando livres para utilizar os serviçospúblicos e trabalhar.