Justiça argentina condena ex-general e ex-coronel por crimes cometidos na ditadura militar

24/10/2009 - 0h25

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Vinte e seis anos depois de os militares terem deixado o comando do país e voltarem à rotina dos quartéis, a Argentina continua acertando contas com seu passado. Ontem (23), um tribunal de Buenos Aires condenou à prisão perpétua o ex-general Jorge Oliveira Róvere e o ex-coronel Bernardo José Menéndez por crimes cometidos contra os direitos humanos durante a ditadura militar no país, entre 1976 e 1983.

Róvere, hoje com 83 anos, chefiou as forças repressivas do Exército que atuavam em Buenos Aires durante os “anos de chumbo” e foi homem de confiança do ex-chefe do Primeiro Corpo do Exército, o ex-general Carlos Suárez Mason, morto em 2005, após cumprir parte da pena a que foi condenado pela morte de 20 militantes de esquerda.

Menéndez chefiou a segurança do Exército no mesmo período, tendo comandado o Grupo de Artilharia de Defesa Antiaérea de Ciudadela. Róvere foi responsabilizado por 116 sequestros e quatro assassinatos e Menéndez foi condenado por 41 sequestros.

As penas, no entanto, só serão cumpridas depois de definidas as condições e o lugar onde os dois militares ficarão detidos,. Segundo a agência de notícias argentina Telam, Róvere e Menéndez vão aguardar em liberdade até a decisão final da Justiça, que só deve ser conhecida em 10 de dezembro próximo.

A Telam também informou que a garantia de que os dois militares permaneçam soltos até o fim do julgamento causou indignação entre os parentes das vítimas da repressão militar e manifestantes que acompanhavam a audiência do lado de fora do tribunal. Aos gritos, eles acusavam juízes de serem “assassinos e cúmplices” dos militares. Parentes e amigos dos acusados presentes à sessão teriam demonstrado certo alívio, sorrindo após a leitura da sentença. Policiais tiveram que conter as manifestações, evitando confrontos entre os dois grupos.

O tribunal absolveu o ex-general Teófilo Saá e os ex-coronéis Humberto Lobaiza e Felipe Alespeiti, responsáveis pelo Regimento de Infantaria de Patricios, a maior unidade militar da capital. local onde foi registrada a maioria das denúncias. Os advogados de acusação pediam que os três fossem condenados a pelo menos 25 anos de prisão pelo crime de sequestro.