Justiça Federal determina recuperação de trecho da antiga Estrada União e Indústria

22/10/2009 - 17h40

Luiz Augusto Gollo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Primeiraestrada pavimentada do país, a União e Indústria, ligação entrePetrópolis, no estado do Rio, e Juiz de Fora, em Minas Gerais, é alvode decisão da Vara Federal de Petrópolis para recuperação e manutenção do trecho inicial, até Três Rios, próximo à divisa mineira.“Asprefeituras das duas cidades têm feito alguma coisa, mas a estrada estámuito danificada e precisa de obras em vários trechos”, diz aprocuradora Vanessa Seguezzi, responsável pela ação pública.  ODepartamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) e ogoverno fluminense têm dois meses para apresentar um projeto derecuperação emergencial dos trechos e o cronograma das obras. A Uniãotambém é citada como responsável pelo repasse da verba necessária e,assim como os demais condenados, estará sujeita a multa de R$ 10 milpor dia de atraso nos trabalhos. Os réus podem apresentar recurso.A ação civil pública contra a União, o estado e o Dnit foi proposta em agosto doano passado pelo Ministério Público Federal em Petrópolis, que anexouao processo registros jornalísticos dos frequentes acidentes nostrechos da estrada em Petrópolis e em Três Rios.“A sentençareconhece que a estrada é federal e que a responsabilidade pelaadministração é do Dnit, pondo fim à indefinição que perdurou por maisde 20 anos e ocasionou o abandono de trechos nas duas cidades”, explicaa procuradora.A origem da estrada se confunde com o acesso da família imperial do Rio de Janeiro àFazenda Córrego Seco, onde o imperador D. Pedro II costumava passartemporadas durante o verão e que hoje corresponde à cidade dePetrópolis. De lá, a ligação até Juiz de Fora se concretizou a partirde 23 de junho de 1861, com a inauguração da União e Indústria.Construídaem cinco anos sob a responsabilidade do comendador Mariano ProcópioFerreira Lage, a União e Indústria foi a primeira estrada na AméricaLatina a ter pisomacadamizado, antigo revestimento derivado do petróleo e semelhante aoasfalto. Tinha 114 quilômetros (km) e seu traçado possibilitava uma velocidadede até 20km/h. Para sua construção, MarianoProcópio criou a empresa União e Indústria e recebeu do imperador, emregime de concessão por meio século, a exploração do pedágio sobrecargas transportadas em mulas e veículos de passageiros. Ela foi aprimeira responsável pelo desenvolvimento de Juiz de Fora e da regiãosul de Minas.A importância da estrada gerou o guia de viagens Doze Horas em Diligência - Guia do Viajante de Petrópolis a Juiz deFora, escrito pelo fotógrafo do imperador, o francês Revert HenriqueKlumb, editado em 1872 e tido como a primeira publicação do gênero noBrasil.Em 1980, a rodovia foi absorvida pela atual BR-040, que liga Brasília ao Rio de Janeiro,e de seu traçado original persistem construções, como a Ponte deSantana na cidade de Alberto Torres, a Ponte das Garças em Três Rios ea antiga Estação de Paraibuna em Mont'Serrat, município de ComendadorLevy Gasparian, construída em 1856 para a troca das mulas durante asviagens entre Petrópolis e Juiz de Fora.“Além desses aspectos”,conclui a procuradora federal, “a União e Indústria representa umaalternativa rodoviária para Juiz de Fora – é uma viagem pela históriada região”, disse.