Taxação de capital estrangeiro trará poucas vantagens aos exportadores, diz Miguel Jorge

21/10/2009 - 16h53

Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A taxação sobre a entrada de capital estrangeiro no Brasil terá efeitos limitados para elevar as exportações brasileiras, disse há pouco o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Ao chegar para participar da reunião do Grupo de Acompanhamento do Crescimento (GAC), no Ministério da Fazenda, ele afirmou que, apesar de ajudar a conter a queda do dólar, a medida tem poucos impactos sobre as vendas externas.“Não vejo que a medida possa surtir muito efeito sobre os exportadores, apesar de o dólar ter se valorizado 2% ontem (20). No longo prazo, você consegue melhores resultados com desonerações e melhorias de eficiência e inovação”, disse.Na avaliação do ministro, a cobrança será mais eficaz para aumentar a arrecadação do governo do que para impulsionar as exportações. "O efeito é mais arrecadatório", ressaltou.Pelas estimativas da Receita Federal, a taxação deve gerar uma arrecadação adicional de 4 bilhões de reais por ano em IOF. Até o final de 2009, a medida acarretará a entrada de cerca de R$ 700 milhões no caixa da União.Para o ministro, a cobrança de tributos sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa (como compra de títulos públicos) e variável (operações na Bolsa de Valores) só teria efeito eficaz sobre as vendas externas se o imposto fosse alto. Ele, no entanto, considera a elevação da alíquota desaconselhável.“As exportações aumentariam significativamente somente se a taxação sobre o investimento especulativo fosse muito grande, mas isso seria um tiro no pé porque o dinheiro estrangeiro iria para outros mercados”, afirmou.Desde ontem (20), o capital estrangeiro em renda fixa e variável que entra no país paga 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A medida, segundo a equipe econômica, teve como objetivo conter a queda do dólar, que está em torno de R$ 1,70.No primeiro dia em que a tributação esteve em vigor, o dólar subiu 2,1% e fechou a R$ 1,75. Foi a maior alta diária em quatro meses. Hoje (21), no entanto, a moeda norte-americana voltou a cair e está em R$ 1,72.