Mercado não espera mudança da taxa Selic

19/10/2009 - 19h24

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúneamanhã (20) e na quarta-feira (21) para definir a taxa básica de juros anual e o mercado estima que não haverá alteração no índice, que está em 8,75% desde 23 de julho.De acordo com o boletim Focus, divulgado hoje pelo BC, existe expectativa quase consensual entre os analistasfinanceiros de manutenção da taxa no nível atual, pelo menos até ofinal deste ano, início do próximo, com possibilidade de a Selicrecrudescer ao longo de 2010.O economista-chefe do BancoSchahin, Sílvio Campos Neto, acredita, por exemplo, que “o ritmo velozde retomada da demanda pode levar o BC a iniciar um ajuste da políticamonetária nos próximos meses, embora ainda exista muita incertezaquanto ao timing [tempo certo] desse processo”. Ele estima que a altase iniciará em abril, na terceira reunião do Copom de 2010.Como a atividade econômica se fortalece e aponta para aumento doconsumo domésticoe consequente pressão inflacionária, as previsões para a Selic têm aumentado nas últimas avaliações feitas pelo Focus. O boletim previa que a Selic fecharia 20120 em 9,25%, depois os analistas mudaram a previsão, na semana passada, para 10,25%. Agora, na publicação de hoje, a expectativa é 10,50%.Nemtodos os analistas de mercado apostam em arrocho da política monetária. O economista Roberto Luis Troster, daFundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) da Universidade de SãoPaulo (USP), por exemplo, acredita que “há uma inércia nas variáveis econômicas quepode manter as taxas baixas por um pouco mais de tempo”.Troster disse não esperar mais reduções da taxa básica de juros. “Se o governo apresentasse umadinâmica fiscal mais consistente, metas de inflação mais ambiciosas euma política de crescimento mais concentrada, poder-se-ia baixar aindamais os juros, com efeitos consideráveis na economia nos anosseguintes”.Mas, no seu entender, “as ações do governo estão nacontramão” e a política fiscal é o exemplo mais emblemático disso,pois “uma elevação permanente de gastos, como a que está acontecendo,pode limitar a capacidade de crescer no futuro, deteriorando a dinâmicada dívida pública e pressionando as taxas futuras”.Ele lembraque juros mais baixos reduzem o custo do carregamento da dívida públicae criam um círculo virtuoso entre taxas mais baixas e mais diminuiçõesdo endividamento do governo. Além disso, incentivam investimentosprodutivos, ajudam a desconcentrar a riqueza, contribuem para odesenvolvimento sustentado e, de quebra, ainda reduzem a especulaçãofinanceira, com o consequente barateamento do crédito.