Governo intensifica articulações para garantir adesão da Venezuela ao Mercosul

19/10/2009 - 16h05

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A dez diasda votação do parecer, na Comissão de Relações Exteriores do Senado,que vai definir a adesão da Venezuela ao Mercosul, o governo federalintensificou as articulações para garantir a aprovação do relatórioparalelo que assegura a participação dos venezuelanos no bloco regional. O ministro deRelações Institucionais, Alexandre Padilha, com apoio dos senadoresRomero Jucá (PMDB-RR), Ideli Salvatti (PT-SC) e Aloizio Mercadante(PT-SP), comanda o movimento para assegurar a presença dos governistase seus votos favoráveis ao país vizinho no próximo dia 29. Natentativa de garantir apoio, o líder do governo no Senado, Romero Jucá(PMDB-RR), apresentou antecipadamente seu voto em separado (pareceralternativo) ao relatório do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) - o tucano écontrário à participação da Venezuela no bloco do Cone Sul.Paralelamente, Jucá trabalha para que o tema seja votado no plenário doSenado até o final de novembro. A sessão de votação no Senado deve ser tensa e repleta de debates. Dos 19 senadores titulares, pelo menos dez sãoapontados como votos favoráveis à adesão da Venezuela ao Mercosul. Umadas estratégias para garantir a vitória à integração dos venezuelanosao bloco é substituir aqueles que são contrários à proposta, como osenador João Ribeiro (PR-TO). Se ele mantiver a tendência de veto àVenezuela, a idéia é substituir Ribeiro por um integrante do blocoPT-PR-PSB-PCdoB-PRB.Há dúvidas também envolvendo algunssenadores da oposição, como Efraim Moraes (DEM-PB), Marco Maciel(DEM-PE) e Heráclito Fortes (DEM-PI)). Eles evitam manifestaçõespúblicas sobre o assunto, embora a tendência seja a de que votem a favorda  aprovação do relatório de Tasso, rejeitando a participação daVenezuela. O senador Fernando Collor (PTB/AL) deve votar com aoposição, já o presidente da Comissão de Relações Exteriores, EduardoAzeredo (PSDB-MG), votará se houver empate.No pareceralternativo, Jucá rebate os principais pontos do relatório de Tasso. Aocontrário do tucano, ele se baseia nos aspectos econômicos, em vez dospolíticos. Segundo o líder do governo no Senado, não há conhecimentosobre o sentido real que se apresenta a democracia venezuelana. Deacordo com Jucá, a integração do país vizinho deve considerar além dogoverno do presidente Hugo Chávez.“Alguns argumentam que oBrasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul eperturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regimepolítico da Venezuela é compatível com o compromisso democrático doMercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sima Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boasrelações, hoje profundamente adensadas”, afirmou ele, no relatório.Jucáreiterou que as relações econômicas entre Brasil e Venezuela sãointensas e com propensão a aumentar ainda mais, reduzindo os problemasno setor energético e estimular o corredor de exportação para o Caribe.“A integração com a Venezuela permitiria o equacionamento dasnecessidades energéticas do Brasil, facilitaria o desenvolvimento daregião amazônica, e criaria um corredor de exportação para o Caribe.Sob a ótica da Venezuela, a integração com o Brasil ensejaria adiversificação da sua estrutura produtiva, diminuindo a sua dependênciaeconômica das exportações de petróleo e de parceiros tradicionais”,disse ele.