Material didático regionalizado auxilia processo de escolarização na Amazônia

17/10/2009 - 12h35

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Em meio a um ambiente rico e diferente das demais regiões dopaís e a uma cultura igualmente valiosa em mitos, lendas e histórias, ascrianças e os adolescentes que vivem na Amazônia recebem um material didático diferenciado de outrosestados brasileiros. Aspectos relacionados à realidadeamazônica, ao meio ambiente, à cultura e às tradições locais sãolevados em conta no processo de escolarização. Livros escritos emlínguas indígenas também são utilizados. Tudo é pensado para que essesestudantes conheçam as particularidades da Amazônia e também possampreservar suas culturas e tradições.De acordo com uma dascoordenadoras da Gerência de Educação Escolar Indígena do Amazonas,Rosângela Negreiros, apesar da melhoria e da ampliação dessetipo de material regionalizado, um dos maiores desafios para a educaçãona Amazônia é garantir a formação de professores para atuar nas áreasmais distantes. Desde 1997, a Secretaria de Educação do Amazonas,desenvolve o Projeto Pirayawara com intuito de formar professores indígenasnas aldeias.“Enquanto os antepassados vão falecendo, osprofessores estão presentes e são fundamentais para sustentar toda umacultura. Essa é uma de nossas apostas”, destacou.Segundo o Ministério da Educação, menos de 28%dos indígenas que cursam o ensino fundamental chegam ao ensino médio.Alguns deles também são ribeirinhos, mas apesar das dificuldades, épreciso criatividade para contornar os problemas de todas essaspopulações. Em Tabatinga, no sudoeste do Amazonas, por exemplo, asimetria das formas e cores do artesanato ticuna é usada para ensinarmatemática.Na zona rural de Manaus, para reduzir o número defaltas dos estudantes, o projeto E-Poronga, levou computadoresportáteis e com acesso à internet para centenas de alunos. Essescomputadores foram fabricados exclusivamente para o uso de crianças eadolescentes. Segundo o fabricante, os modelos são maisresistentes e poderão ser utilizados até mesmo nas áreas verdes aoredor das escolas. O nome do projeto foi inspirado na poronga, a lanterna utilizada por seringueiros para iluminar as áreasescuras de trabalho.Na avaliação da secretária adjunta deEnsino do Pará, Ney Cristina de Oliveira, os estados da Amazôniatêm muitos desafios em comum na área de educação. Para ela, oprocesso de educação é fundamental em qualquer país e garantir o acessoao ensino, oferecer condições dignas de infraestrutura e professoresqualificados é o ponto de partida para reconhecer a cidadania de cadaindivíduo.“Temos que ter processosinovadores e diferenciados de outras regiões para que possamos darconta da universalização do atendimento, seja na educação fundamental, no ensino médio, jovens e adultos ou educação infantil. É preciso levar em conta anossa diversidade cultural e as nossas enormes distânciasgeográficas”, resumiu.