Prefeitura inicia obras de revitalização da zona portuária do Rio

16/10/2009 - 16h58

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As obras de revitalização da zona portuária do Rio avançaram hoje(16) pelo píer da Praça Mauá. A prefeitura e a construtora responsável pelo trabalho prometem transformar uma área descampada em um espaço de lazer de30 mil metros quadrados até o final de 2010, mas a populaçãonão está satisfeita. Os moradores afirmam que não são ouvidos ecobram a inclusão de serviços públicos, como escolas e postos desaúde, no projeto de urbanização.A intervenção iniciadahoje no píer vai custar cerca de R$ 26,8 milhões e contará comrecursos do governo federal. O objetivo é instalar quiosques,restaurantes, banheiros públicos, anfiteatro, espaço multiuso e umestacionamento, previstos no projeto Porto Maravilha, elaborado pelaprefeitura. Por meio do Ministério do Turismo, o Rioreceberá aproximadamente U$ 187 milhões do Banco Interamericano deDesenvolvimento (BID), dos quais cerca de R$ 10 milhões serão para o projeto Porto Maravilha,  que integra o cronograma para as Olimpíadas de 2016. Odinheiro será gasto em cinco anos e abrangerá outras fases darevitalização, como a urbanização do Morro da Conceição e dasruas Camerino, Sacadura Cabral e Barão de Tefé.Embora reconheçam que haverá melhorias em infraestrutura,esgoto, iluminação e calçamento, os moradores reclamam que não foram ouvidosna concepção dos projetos e cobram o diálogo para a expansão deserviços públicos. Entre eles, escolas, postos de saúde e apreservação da memória do lugar. O local foi o principal ponto dedesembarque de escravos no país e ainda hoje abriga uma comunidaderemanescente de quilombo, a Pedra do Sal, reconhecida pela FundaçãoPalmares.“A população da região portuária é de 22 milpessoas. O lugar tem um dos menores IDH [Índice de DesenvolvimentoHumano] do município, sendo cerca de 600 pessoas, jovens em idadedo ensino fundamental, não têm escolas [para estudar no local]”, criticou DamiãoBraga, presidente da Associação da Comunidade Remanescente doQuilombo Pedra do Sal, representante de cerca de 25 famílias quevivem na Rua Sacadura Cabral.O ministro do Turismo, LuizBarreto, disse que as propostas da comunidade ainda podem serrecebidas pelo governo. Segundo ele, o objetivo da revitalização doporto é elevar a qualidade de vida das pessoas. Por isso, asintervenções serão acompanhadas pelo Instituto doPatrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e apresentadasaos moradores em audiências públicas.“O projeto é paraser feito com as pessoas de lá. Queremos até fazer um trabalho na áreada cultura, com o ministério, o Iphan. Todos estão envolvidos,justamente para preservar a memória, a favor deles [dos moradores].Evidentemente teremos audiências, o projeto ainda será mais debatido.Tenho certeza que vai valorizar a tradição”, afirmou. Duranteo início das obras no píer Mauá, o prefeito do Rio, Eduardo Paes,também garantiu que não haverá remoção de casas na regiãoportuária.