Para consultor da Unesco, cenário sobre professores no Brasil é preocupante

15/10/2009 - 7h31

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Problemasna formação continuada dos professores e atémesmo na formação inicial, além dabaixa remuneração, compõem um cenário“preocupante”, de acordo com o consultorem educação da Organização das NaçõesUnidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco) no Brasil, Célio da Cunha.

Ao comentar o estudoProfessores do Brasil: Impasses e Desafios, lançadopela Unesco na semana passada, Cunha lembrou que os professoresrepresentam o terceiro maior grupo ocupacional do país (8,4%), ficando atrás apenas dos escriturários(15,2%) e dos trabalhadores do setor de serviços (14,9%). Aprofissão supera, inclusive, o setor de construçãocivil (4%).

O especialistadestaca, entretanto, que é preciso “elevar o status”do professor no Brasil. A própria Unesco, ao concluir oestudo, recomenda a necessidade de “uma verdadeira revolução”nas estruturas institucionais e de formação. Dados da pesquisaindicam que 50% dos alunos que cursam o magistério e que foramentrevistados disseram que não sentem vontade de serprofessores. Outro dado “de impacto”, segundo Cunha, trata dossalários pagos à categoria – 50% dos docentes recebemmenos de R$ 720 por mês.

O estudo alerta para um grande “descompasso” entre a formaçãoteórica e a prática do ensino. Para Cunha, a formaçãodo docente precisa estabelecer uma espécie de “aliança”entre o seu conteúdo e um projeto pedagógico, para que o professor tenha condições de entrar em sala de aula.

Como recomendações,a Unesco defende a real implementação do novo pisosalarial e a políticade formação docente, lançada recentemente. Cunha acredita que esses podem ser“pontos de partida” para uma “ampla recuperação”da profissão no Brasil.

“Se houvercontinuidade e fazendo os ajustes necessários que sempresurgem, seguramente, daqui a alguns anos, podemos ter umcenário bem mais promissor do que o atual”, disse, aoressaltar que sem professores bem formados e com uma remuneraçãodigna não será possível atingir a qualidade queo Brasil precisa para a educação básica. “Issocoloca em risco o futuro do país, por conta da importânciaque a educação tem em um mundo altamente competitivo eem uma sociedade globalizada.”