População precisa estar atenta a doenças transmitidas por alimentos, alertam sanitaristas

12/10/2009 - 12h16

Amanda Mota
Repórter da Agência Brasil
Manaus - Falta de apetite, náuseas, vômito oudiarreia. Esses sintomas indicam que algo não está bem noorganismo. Para alguns, isso pode ser normal ou desaparecer semmuitos cuidados, porém, segundo médicos sanitaristas, é preciso estar mais atento e perceber que taismanifestações podem significar o início de uma doença transmitidapor alimento (DTA). A Organização Mundial da Saúde(OMS) estima que mais de 2 milhões de pessoas morrem por doençasdiarreicas todos os anos, sendo a maioria causada pela ingestão dealimentos contaminados.O alerta é da enfermeira sanitaristaRejane Alves, que também faz parte da Coordenação de VigilânciaEpidemiológica de Transmissão Hídrica e Alimentar do Ministérioda Saúde. Em entrevista à Agência Brasil, Rejane alertou que aingestão de alimentos ou bebidas contaminados por bactérias, vírusou parasitas pode ser responsável pelo surgimento de mais de 250tipos de DTA, entre eles a toxoplasmose, ocólera e o botulismo (intoxicação provocada por alimento malconservado).O consumo de toxinas naturais, como de algas,peixes e até de agrotóxicos, também pode causar transtornos edoenças à saúde humana. “É preciso cuidado com a compra,com o manuseio e também na hora de guardar os alimentos”,destacou.Nos mais diversos países, as DTA são causas demorbidade, mortalidade e, nas últimas duas décadas,transformaram-se em um problema de saúde pública mundial. NoBrasil, a maioria das doenças transmitidas por alimentos é causada pela Salmonella, Escherichia coli patogênica e Clostridiumperfringens, pelas toxinas do Staphylococcus aureus e Bacilluscereus. Segundo o Ministério da Saúde, há registro médio de 665surtos por ano, com 13 mil doentes. Na avaliação daespecialista, as unidades de saúde em geral precisam estimulara integração de equipes multiprofissionais para investigar esses surtos, sobretudo porque os sintomas dessas doenças não sãoconsiderados relevantes pela população para que os casos sejamnotificados nos órgãos de saúde. “As pessoasconsideram os sintomas como coisas comuns e por isso o controle dasdoenças fica mais difícil”, lamentou.Em Manaus, pratentar evitar o aumento das DTA, a Vigilância Sanitária municipaldedica-se ao acompanhamento e ao controle dos padrõesque devem ser obedecidos por fabricantes e transportadores dealimentos. De acordo com o diretor do órgão, Varcily Barroso,pelo menos 6 mil processos estão atualmente em andamento paralicenciamento e regularização de estabelecimentos que trabalham comalimentação e saúde. “Nosso objetivo é melhoraros alimentos para a população. Obrigatoriamente, osestabelecimentos são orientados sobre as normas de atendimento,armazenamento, entre outros”, resumiu. Para evitar as DTA,as principais recomendações são: lavar as mãos regularmente,desinfectar alimentos crus como frutas, legumes e verduras, teratenção quanto ao prazo de validade, acondicionamento e às condiçõesfísicas (aparência, consistência, odor) dos itens comprados, evitar preparações culinárias que contêm ovos crus (gemada, ovofrito mole, maionese caseira), beber água ou gelo apenas deprocedência conhecida.