MST desocupa fazenda de laranja após chegada de policiais

07/10/2009 - 1h22

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os cercade 250 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra(MST) desocuparam na manhã de hoje (7) a Fazenda SantoHenrique, em Borebi, a 300 quilômetros da cidade de SãoPaulo, invadida pelo grupo no último dia 28. A saídafoi pacífica, segundo a empresa Sucocítrico Cutrale queganhou na Justiça o direito de retomar a posse da áreade 2,4 mil hectares, onde antes da invasão havia um milhãode pés de laranja.Partedesse plantio foi destruído pelos sem-terra e, nesse momento,segundo o diretor de relações trabalhistas da empresa,Carlos Otero, está sendo feito o levantamento das perdas dalavoura das demais instalações.Pordeterminação do juíz Mário Ramos dosSantos, da 2ª Vara da Comarca de Lençóis Paulista,a desocupação deveria ocorrer em 24 horas após orecebimento do mandado judicial pelo MST. Esse prazo iria se esgotarno final da manhã de hoje.Poucoantes, o coordenador regional do MST, Paulo Beraldo, afirmou àAgência Brasil, que não era intençãoresistir, mas ganhar tempo na tentativa de obter no InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra) a promessa de que uma outra área seria disponibilizadaassentar os ocupantes. “É lógico que não vamoscolocar as nossas famílias em risco”, respondeu ao serperguntado se iriam deixar o local sem oferecer resistência.Ele, noentanto, alertou que novas invasões vão ocorrer atéque haja uma solução que atenda aos planos deassentamentos no interior paulista. Segundo ele, a maioria dosintegrantes dessa ação na Fazenda Santo Henrique sãooriundos de sítios e trabalhos rurais na região,abrangendo os municípios de Agudos, Borebi e Avaré.Elerebateu as críticas do Incra de que ato teria sidoprecipitado. Segundo ele, há pelo menos sete anos, o MSTreivindica a posse do local para fins de reforma agrária,acusando a Cutrale de explorar ilegalmente uma terra que seriapertencente à União. De acordo com o Incra, háum processo em andamento na Justiça solicitando essadevolução.Ao serquestionada sobre o conflito, a Cutrale disse que tem toda adocumentação comprovando ser a verdadeira dona e que aprópria decisão judicial de reintegraçãode posse foi fundamentada com base nessa titularidade. A empresa queé a maior produtora de suco de laranja, responsável por30% do mercado, argumentou por meio de nota, que a fazenda éprodutiva e que mantém 300 empregados no local.