Maioria das famílias brasileiras que vive na fronteira com a Bolívia quer ficar no país vizinho

07/10/2009 - 16h32

Karina Cardoso
Repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Brasília - Trezentasdas 500 famílias de brasileiros que vivem na região fronteiriçada Bolívia não querem voltar ao Brasil. Levantamento feito pelaOrganização Internacional para Migrações (OIM) mostra que as famíliaspreferem ser reassentadas em outras áreas bolivianas.Uma lei daquele país proíbe a permanência de estrangeiros em uma faixa de 50 quilômetros a partir da fronteira.Para o diretor do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, embaixador Eduardo Gradilone, o dado impressiona."As nossas indicações eram que um número muito menor de brasileiros iriapreferir ficar na Bolívia, longe dos lugares que atualmente ocupam.Nós achamos que temos que fazer outras averiguações para ter certeza de que os brasileiros querem exatamente isso."Deacordo com o embaixador, ainda não há prazo para a retirada dosbrasileiros da fronteira, mas o cronograma da OIM estabelece umanova data para o reassentamento daqueles que queiram continuar no paísvizinho."Esse outro cronograma prevê, em relação àsfamílias brasileiras que queiram permanecer na Bolívia, que oreassentamento começaria a partir de 15 de dezembro."Osbrasileiros que queiram ser transferidos para outras áreas na Bolíviaserão reassentados pela OIM, com recursos brasileiros. O realojamentodos que querem voltar ao Brasil ainda será discutido com o Ministériodo Desenvolvimento Agrário e com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).Durante a últimasemana uma missão diplomática foi enviada à fronteira para averiguar asituação dos brasileiros. Foram realizadas diversas reuniões entrerepresentantes dos dois governos e da OIM.Também foi instaladoum consulado sazonal, em Puerto Evo Morales, na fronteira com omunicípio de Plácido de Castro, que vai funcionar até o fim de dezembro. Segundo o embaixador, a função do consulado itinerante é prestar auxílio e orientação aos brasileiros."Primeiro de tudo de informação, de explicar o que está acontecendo, oque o brasileiro tem que fazer, de orientá-lo em todos os sentidos emtermos de documentação, de alternativas. Segundo, de funcionarcomo uma espécie de central de anotação de problemas, para que possamosreclamar para a OIM, ou para o governo boliviano e também para ficar deponte com o nosso consulado em vários outros assuntos ligados àregularização migratória."As pressões para que os brasileiros deixem a Bolívia tiveram início em maio de2006, quando o governo boliviano decidiu cumprir a lei que proíbeestrangeiros de ocuparem a faixa de segurança, que se estende por 50 quilômetros a partir da fronteira.