Suspeitos de vazamento da prova do Enem não tinham objetivo político, diz Polícia Federal

06/10/2009 - 20h05

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Ao furtar a prova doExame Nacional do Ensino Médio (Enem), os cinco suspeitos do crimenão tinham motivação política. A intenção, segundo a PolíciaFederal em São Paulo, era mesmo obter algum dinheiro tentando vendera prova à imprensa. Em entrevista coletiva na tarde de hoje (6), otitular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários em SãoPaulo (Delefaz), Marcelo Sabadin Baltazar, informou que o inquéritopolicial criminal está totalmente concluído. “O caso estátotalmente esclarecido, 100% concluído”, disse ele.“A investigação demonstrou [que era] umgrupo amador tentando obter dinheiro de uma maneira meio esquisita,tentando vender [a prova] para a imprensa. Em nenhum momentofoi demonstrado qualquer tipo de vínculo com o governo”, afirmou odelegado. “Não há interesse político”, ressaltou osuperintendente em exercício da Polícia Federal em São Paulo,Fernando Duran Poch.Cinco pessoas foram indiciadas pela PolíciaFederal por participação no vazamento da prova. O empresário epublicitário Luciano Rodrigues e o DJ Gregory Camillo deOliveira Craid foram indiciados no último sábado (3) pelos crimesde violação de sigilo funcional e equiparação a funcionáriopúblico. Ontem (5) foram indiciados três funcionáriostemporários da Cetro, empresa que fazia parte do consórcio chamadoConnasel, responsável pela impressão, distribuição e correçãoda prova. Felipe Pradella, Marcelo Sena e Felipe Ribeiro foramindiciados por peculato e quebra de sigilo funcional. Pradella, que já tinha antecendente criminalpor soltar balão e é acusado de ameaçar a jornalista RenataCafardo, do jornal O Estado de S. Paulo, também foi indiciadopor extorsão.Segundo Baltazar, as investigações começaramcom a notícia da participação do Craid, que prestou depoimentosábado na Polícia Federal. Ele disse à polícia que FelipePradella, seu amigo de infância, tinha obtido as duas provas do Eneme o procurou para que tentassem vender a prova à imprensa. Ambosforam então procurar o empresário Luciano Rodrigues, queintermediou o contato com os veículos de imprensa (O Estado de S.Paulo, TV Record e Folha de S.Paulo, entre outros). “Ele [Pradella], ganhando R$ 60 por noitede serviço, vislumbrou a possibilidade de ganhar R$ 500 mil de umavez só, subtraindo a prova lá de dentro, tendo em vista quepercebeu uma certa fragilidade no esquema de segurança no interiorda gráfica”, afirmou o delegado Baltazar. O valor de R$ 500 milfoi o pedido a jornalistas em troca da divulgação da prova do Enem.De acordo com o delegado, a primeira prova foifurtada no dia 21 de setembro, quando Pradella pediu que FelipeRibeiro o ajudasse. Ribeiro, que trabalhava na área de impressão doCaderno 1 do Enem, saiu com a prova escondida na cueca e a entregou aPradella. No dia seguinte, o Caderno 2 do Enem foi furtado pelopróprio Pradella, com a ajuda do amigo Marcelo Sena, que escondeu aprova em sua camisa. A Polícia Federal tem imagens que mostram Senadeixando a sede da gráfica com a prova do Enem escondida na camisa. Além do indiciamento dos cinco envolvidos, oinquérito policial vai destacar a fragilidade do sistema desegurança da prova do Enem. “Será feito um documento para adireção-geral, que servirá de subsídio para, em contato com oMinistério da Educação, aprimorar-se o sistema de segurança,impressão e distribuição dos próximos concursos”, afirmouBaltazar.