Família de Bergson Farias será indenizada após 37 anos da morte do guerrilheiro

06/10/2009 - 7h03

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Depois de37 anos da morte na Guerrilha do Araguaia (1967-1972), os restos mortais doguerrilheiro Bergson Gurjão Farias, ex-militante do PartidoComunista do Brasil (PCdoB), serão enterrados em Fortaleza, sua terra natal.

O enterro ocorre às 17h, no cemitério Parque daPaz, e terá a participação dos parentes,inclusive da mãe, dona Luiza, de 94 anos. Alémdos parentes, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dosDireitos Humanos, o governador do Ceará, Cid Gomes, e aprefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), acompanham a cerimônia.

DonaLuiza receberá R$ 100 mil de indenização,conforme audiência promovida ontem (5) pela Caravana daAnistia, que está em Fortaleza. O valor simbólico pago peloEstado “vai ajudar que ela tenha mais conforto no fim da vida”,disse Ielnia Farias, irmã de Bergson.

Segundo airmã, dona Luiza agradeceu a indenização, masafirmou “que preferia que ele [Bergson] estivesse aqui”,declaração que comoveu os  parentes e os participantesda Comissão de Anistia do Ministério da Justiça,responsáveis pela caravana. “A história doBergson é fundamental para essa juventude que não sabeo que aconteceu no Brasil”, disse Ielnia.

De acordocom o deputado federal José Genoino (PT-SP), tambémex-ativista do PCdoB e guerrilheiro no Araguaia, Bergson “foimorto em combate”, após ferir um capitão do Exército.Genoino e Bergson (ex-estudante de química) foramcolegas no Diretório Central dos Estudantes da UniversidadeFederal do Ceará em 1967. Um memorial em homenagem a Bergsonserá inaugurado na Concha Acústica, no bairro Benfica,na capital cearense.

Aidentificação dos restos mortais de Bergson, por meiode exame de DNA de ossada recolhida em 1996 em Xambioá (TO),foi anunciada em julho deste ano. O desaparecimento ocorreu entre maio ejunho de 1972. O Brasil ainda tem cerca de 140 pessoas desaparecidasdurante a ditadura militar (1964-1985). No Ceará, a Caravanada Anistia analisa 81 processos de pessoas perseguidas politicamentenaquele período.