Zelaya e Micheletti aceitam negociar solução para a crise, conclui missão brasileira

05/10/2009 - 19h22

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Apóstrês dias em missão em Honduras, a comitiva parlamentar brasileiraconcluiu que tanto o presidente deposto, Manuel Zelaya, quanto o atual,Roberto Micheletti, estão dispostos a negociar uma alternativa para pôrfim à crise política que domina o país. Os parlamentares conversaramcom representantes dos dois líderes, políticos, 15 integrantes daSuprema Corte hondurenha e ainda membros de associações de brasileiros eda sociedade civil do país.“Não fomos a Honduras para substituir osnegociadores, mas para preservar as garantias da embaixada brasileira eassegurar alguns direitos. Nossa missão foi cumprida com êxito”,afirmou o deputado Maurício Rands (PT-PE). Integraram ainda a comitivabrasileira os deputados federais Ivan Valente (P-SOL-SP), Raul Jungmann(PPS-PE), Bruno Araújo (PSDB-PE), Janete Pietá (PT-SP) e Cláudio Cajado(DEM-BA).Os integrantes da comitiva, durante as conversas com asautoridades hondurenhas, defenderam a posição do governo brasileiro permitindo o uso de sua embaixada pelo grupo de Zelaya. Segundo Rands, na reunião na SupremaCorte, os parlamentares afirmaram que a deposição de Zelaya contrariouos princípios democráticos.Os deputados farão um relatodetalhado sobre a missão, realizada em Tegucigalpa, ao secretário-geraldo Ministério de Relações Exteriores, Samuel PinheiroGuimarães, amanhã (6), às 17h30. Antes, às 15h30, o grupo se reunirá com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).Nostrês dias que passaram em Tugucigalpa, os deputados federais mantiveramvárias reuniões. Para Rands, uma das vitórias da missão parlamentar foi a garantia assegurada pelas autoridades sobre aspectos como a manutenção dos direitos de não violação da embaixada e o retornodos serviços de comunicação, energia e água da representação brasileira.Naconversa com Zelaya com os parlamentares, ele reiterou que sua disposição em retornar ao país eassumir o poder se deve a uma razão superior aos projetos pessoais. “Opresidente Zelaya nos disse que não está lutando para ficar mais dois atrês meses no poder, mas por um princípio popular, o do direito de umpresidente eleito, para que não haja ameaças à consolidação de algo quenão seja democrático na América Latina”, disse Rands.De acordocom o deputado, o presidente interino, Roberto Micheletti, demonstrou disposição para negociar, desde queZelaya renuncie. “A meu ver, os dois lados estão dispostos a buscar umaalternativa negociada. Agora é necessário encontrar essa alternativa”,afirmou Rands. Para ele, a posição do governo brasileiro foi“acertada e correta”. “O Brasil, por razões humanitárias, não poderia dedeixar de receber Zelaya e seus seguidores.”Desde 21 de setembro,Zelaya está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Com ele estão mais cerca de 60 pessoas, que são seuscorreligionários. Zelaya foi derrubado em 28 de junho em um golpe organizado por integrantes do Congresso, da Suprema Corte e das Forças Armadas hondurenhas. Zelayatenta retornar à Presidência da República, mas Micheletti resiste àidéia. Hoje (5), O governo hondurenho revogou um decreto que restringiaas liberdades civis. Autoridades estrangeiras e hondurenhaspressionavam pela revogação do decreto que suspendeu as liberdades deimprensa, associação e circulação.