Lula diz que Brasil não deve ser vendido apenas como favela, carnaval ou futebol

05/10/2009 - 17h41

Carina Dourado
Enviada Especial
Bruxelas (Bélgica) - Depoisde uma agenda de protocolos em Bruxelas – visita ao Parlamento do paíse almoço com o rei belga, Alberto II – o presidente Lula se encontroucom empresários belgas e brasileiros e criticou alguns estereótipos que ainda se perpetuam sobre o Brasil. “Não é possível que um país que tem aterceira fábrica de avião no mundo - e que para o nosso prazer muitosaviões que voam na Bélgica são da Embraer, inclusive o avião de suamajestade - seja vendido ao mundo apenas como favela do Rio de Janeiro ou apenas como carnaval e futebol”, comentou.Ocomércio entre os dois países chegou a US$ 6 bilhões no ano passado,sendo US$ 4,4 bilhões de exportações brasileiras e US$ 1,6 bilhões,belgas. Além do comércio, a Bélgica desperta o interesse do Brasil porser uma das portas de entrada para os produtos na Europa. Empresasbrasileiras como a Citrosuco, Votorantim, WEG e Duratex fizeram deBruxelas a base de operação na região.Mais uma vez, opresidente Lula aproveitou para criticar governos anteriores que nãoinvestiram na distribuição de renda do país, com o argumento de que eranecessário que a economia crescesse . “Durante a década de 70, oBrasil chegou a crescer até 14% ao ano e, na época, eu era dirigentesindical e nós ouvimos dizer que era preciso o bolo crescer mais paraque depois que o bolo estivesse muito grande, distribuir. O queaconteceu é que o bolo cresceu, alguém comeu e a maioria do povo ficousem o seu pedaço do bolo”, disse, arrancando gargalhadas dos presentes.Paraconvencer os empresários belgas de que o Brasil é um lugar seguro parase investir, o presidente Lula apostou no argumento de que o paísconseguiu passar pela crise financeira e, hoje, já está com a economiaem crescimento e mesmo assim, conseguindo fazer a distribuição derenda. “A renda do trabalhador está aumentando até um pouquinho mais doque a dos empresários na distribuição de renda”, disse.Oministro de Relações Exteriores belga, Yves Leternne, reconheceu que oBrasil se saiu melhor do que a maioria dos países na crise econômicaglobal e disse que Lula “talvez tivesse razão quando disse que essacrise chegaria numa – e aqui eu tento pronunciar a palavra corretamente– “marolinha”, como uma pequena onda que afetaria o Brasil”. SegundoLeternne, o sistema financeiro forte do país e as medidas tomadas pelogoverno fizeram com que o Brasil fosse o último país a entrar na crise ecertamente será um dos primeiros países a sair dela. E isso, para ele,cria novas oportunidades para os empresários belgas.DeBruxelas, na Bélgica, o presidente Lula partiu paraEstocolmo, na Suécia, onde participa da Cúpula Brasil-União Europeianos próximos dias.