Negociador diz que está otimista sobre acordo em Honduras

04/10/2009 - 18h51

Roberto Maltchik
Enviado Especial
Tegucigalpa - O chefe da missão precursora da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Tegucigalpa, Victor Rico, afirmou neste domingo (4) que há razões suficientes para avaliar com "otimismo" a possibilidade de um acordo que ponha fim à crise em Honduras.O acordo será negociado em  reunião marcada para a próxima quarta-feira (7), com a presença de ministros de Relações Exteriores de países do continente.“Asconversas [nas últimas horas] foram interessantes. Vejo algo positivopara avaliar com razoável otimismo [a possibilidade de acordo]”, disseRico, antes de um encontro com diplomatas que também participam dasnegociações.Rico admitiu que o principal entrave continua sendo a volta de Manuel Zelaya ao poder, já que o presidente de fato,Roberto Micheletti, ainda não aceitou essa condição. O retorno dopresidente deposto é o principal artigo do Acordo de San José, propostopelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.O representante daOEA, no entanto, informou que a comunidade internacional está dispostaa aceitar "mudanças" em outras partes do acordo, que também trata deuma anistia aos crimes cometidos depois do golpe de 28 de junho e do impedimento para Zelaya convocar uma Assembleia Constituinte.“Semdúvida que se pode mudar o Acordo de San José, se os próprioshondurenhos dizem que podem modificá-lo. Isso é factível, até porquenão tem nada escrito em pedra, escrito em bronze”, afirmou o diplomata.Osrepresentantes da OEA reforçaram nos últimos dias a tese de que asolução para a crise deve partir dos hondurenhos e não da comunidadeinternacional, que estaria disposta "apenas" a auxiliar o diálogo nopaís.O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, confirmou que participou de uma reunião secreta na última quarta-feira (30) com o presidente Roberto Micheletti, realizada numa base norte-americana emHonduras. Neste encontro, Micheletti teria confirmado que designouinterlocutores formais para negociar com o grupo do presidente deposto.Osministros de Relações Exteriores que participam da negociação devemficar por dois dias em Tegucigalpa. Rico reafirmou que o encontroestá "à princípio" confirmado, já que os ministros só virão caso hajarealmente disposição para por fim à crise, que já dura mais de trêsmeses.“Esperamos que a viagem tenha um resultado. Não tem sentido uma missão para que isso não ocorra”, analisou.