Coordenador defende trabalho integrado para prevenir uso de drogas

04/10/2009 - 11h23

Lúcia Nórcio
Repórter da Agência Brasil
Curitiba (PR) - O coordenador de Articulaçãode Políticas de Prevenção da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Aldo Costa Azevedo, disse que a  Política Nacional Sobre Drogas prioriza ações de prevenção e valoriza abordagens comunitáriase redes sociais. “Não adianta trabalhos isolados, o problema érelacional". Segundo Azevedo, o governo atualizou ações que eram voltadas mais para arepressão, para prender principalmente usuários pensando na reduçãoda oferta de drogas. Para ele, a polícia tem que trabalhar em todas as áreas - daoferta ao tráfico e ao combate à violência. "E, para isso, contar com redes jáestruturadas, como a Pastoral da Sobriedade", afirmou.O coordenador participa do 1º Encontro Sul-Brasileiro de Prevenção ao Uso de Drogas, promovido pela Pastoral da Sobriedade, que será encerrado hoje (4).  Desde a noite de sexta-feira (2),integrantes da pastoral de todo o país discutem na capital paranaense os avanços na prevenção, o atendimento a parentes e  a recuperação dadependência química. A pastoral, com sede em Curitiba, éreferência para o governo federal. Deacordo com Aldo Azevedo, está ocorrendo uma articulação com váriosministérios e a sociedade civil  “de ações de capacitação de atoressociais que vão fazer a prevenção na ponta, onde está o problema”.Emparceria com o Ministério da Educação, a Senad tem cursos a distância,como o que capacita professores para lidar com o problema. Já naterceira edição, com encerramento no fim do ano, 50 milprofessores foram  habilitados até agora a identificar  o problema, levantar arealidade local e pensar num projeto de prevenção específico. ”A meta é,a cada ano, realizar dois cursos  compostos  por 25 mil educadores", informou o coordenador.Ele destacou a parceria do governo e igrejas na prevenção do uso de drogas,uma atuação inédita que não acontece em nenhum outro país. O projetoPrevenção do Uso de Drogas em Instituições Religiosas e MovimentosAfins - Fé na Prevenção tem levado o governo a mapear gruposreligiosos de todas as crenças. A ideia é capacitar, até2011, 20 mil líderes religiosos para atuar na prevenção do uso deálcool e outras drogas que geram comportamentos de risco e situações deviolência. O coordenador disse que no país 12% da população têm algum tido de dependência química.As aulas, gratuitas, da  primeira turma do Fé na Prevenção começam no próximo dia 14, com 5 mil inscritos. A capacitação vai durar dois meses e terá certificação de extensão universitária pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).Fundada em Curitiba em 1998, numa iniciativa de dom IrineuDanellon, bispo de Lins (SP), e alguns  leigos, a pastoral teve suametodologia desenvolvida  pelo padre e atual assessor eclesiástico nacional, João Ceconello. Denominada Programa de Vida Nova, ametodologia é baseada em  reuniões de autoajuda, com  adaptaçãoespiritual dos 12 Passos de Alcoólicos Anônimos.“Estamoscomemorando o 11º aniversário da pastoral, atingindo desdea Amazônia até o Rio Grande do Sul. São 1,2  mil  grupos de autoajudapor onde já passaram aproximadamente 3 milhões de pessoas”, diz dom Irineu.Segundo ele, não há um número exato, mas a pastoral estima que cercade 70 mil jovens que eram dependentes químicos estão vivendo emsobriedade, abstinentes, graças à atuação da pastoral. Oêxito do programa está no fato de o trabalho de recuperação começar pela família, quetem que estar envolvida em todo o processo. “Mesmo que o filhoresista ao tratamento, que inclui internamentos e ajuda profissionaldas comunidades terapêuticas, com psicólogos e psiquiatras, a famíliatem a obrigação de perseverar”, alertou o padre João Ceconello.