Com parecer contrário, comissão do Senado adia votação de adesão da Venezuela ao Mercosul

01/10/2009 - 15h19

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Sete meses apósiniciar a tramitação na Comissão de Relações Exteriores doSenado, o Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul foi rejeitadohoje (1º) pelo relator Tasso Jereissati (PSDB-CE) sob argumentos de baseeconômica e política. O parlamentar apresentou seu parecer no qual argumenta que o governo de Hugo Chávez não concluiu as negociaçõescom o Brasil e a Argentina sobre os cronogramas de liberalização deseus produtos nem apresentou a lista dos que seriamexcluídos deste cronograma.“A aprovação doprotocolo, antes da conclusão das negociações, significará que aVenezuela se tornará um membro pleno do Mercosul sem que estejamdefinidas as condições em que serão cumpridos os compromissosaceitos no protocolo”, afirmou o parlamentar. Desta forma,acrescentou Jereissati, impede o Senado de recomendar ou sugerir oingresso venezuelano no Mercosul.O líder do governo noSenado, Romero Jucá (PMDB-AP), pediu vistas ao relatório. Segundoele, algumas questões do parecer precisam deesclarecimentos e, por isso, o parlamentar apresentará voto em separado paraapreciar a matéria. Favorável ao ingresso da Venezuela, Jucáreivindicou a análise do seu relatório em uma reunião marcadapara 29 de outubro. O pedido foi acatado pelo presidente da comissão,Eduardo Azeredo (PSDB-MG).Outro ponto colocadopelo relator como fator impeditivo à aprovação do protocolo dizrespeito aos aspectos políticos que também devem pesar na hora dadecisão dos senadores. Segundo o parlamentar, o modo de atuação de Chávez resulta em incertezas quanto ao cumprimento doscompromissos que a Venezuela terá que assumir no âmbito doMercosul.Para o senador tucano, a legitimidade eleitoral de Hugo Chávez é questionáveluma vez que o governo promove uma série de restrições políticas internas.Além disso, TassoJereissati destacou a “política intervencionista” do governo da Venezuela. “HugoChávez tem procurado aumentar sua influência regional com oconcurso da renda do petróleo. Porém, não como fator de união eintegração, mas como elemento de discórdia. Foi nesse sentido queagiu no episódio das Farc [Forças Armadas Revolucionárias daColômbia] e é nessa linha quebusca interferir em assuntos bolivianos.”Orelator concluiu que a “pouca consideração [de HugoChávez] a acordos e contratos”,pautando suas relações internacionais entre amigos e inimigos,empresas, investidores e o governo poderão encontrar, no futuro,situações que considera difíceis e complicadas.