Amorim condena violência de golpistas hondurenhos e "certos exageros" de Zelaya

29/09/2009 - 20h44

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse esta tarde que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, cometeu “certos exageros” ao promover “atividades políticas” no interior da embaixada brasileira em Tegucigalpa, capital do país centro-americano. Entretanto, atribui a violência no país aos golpistas, que têm reprimido manifestações e mandaram as forças militares cercar a representação do Brasil.Segundo o chanceler, o governo brasileiro tem pedido que Zelaya haja com “moderação, recomendando que evite manifestações que possam “exacerbar os ânimos”, o que, para Amorim, vem sendo atendido.“Que eu saiba, não houve até aqui qualquer ato de violência por parte dos simpatizantes de Zelaya”, disse o ministro, citando, em seguida, atos do governo golpista, como a decretação de estado de sítio e o fechamento de uma emissora de rádio e de uma de TV que apoiavam Zelaya, além do cerco militar e as ameaças à embaixada brasileira, onde o presidente deposto buscou abrigo assim que retornou ao país, há uma semana.

Amorim garantiu que o governo brasileiro também está preocupado com o número de correligionários de Zelaya dentro da embaixada. A ocupação da representação do Brasil em Honduras por simpatizantes do presidente deposto é criticada pelo golpista Roberto Michelletti, que assumiu depois que Zelaya foi sequestrado e levado para fora do país por um comando militar, e por setores brasileiros que acusam o Itamaraty de ter permitido que a representação diplomática brasileira se transformasse num escritório político.

“Isso sempre foi preocupação nossa, mas é preciso entender a situação em que isso se deu. Houve um grande afluxo inicial [de simpatizantes] de Zelaya, cujo número vem diminuindo até devido às condições da embaixada, que é pequena. Ontem, segundo me informaram, havia 60 pessoas. Continuaremos a exortar Zelaya e sua esposa para que esse número diminua ainda mais”, afirmou Amorim, durante reunião extraordinária da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.

“Mas eu não tenho poder de coerção sobre Zelaya, a não ser que o ponha na rua, o que pode significar sua prisão ou até mesmo sua morte e uma possível rebelião civil”, afirmou o ministro, para quem cabe a toda a comunidade internacional buscar uma solução para o conflito.

“O Brasil assumiu de certa maneira uma posição de quase guardião do que a comunidade internacional estava pedindo, que é a [garantia] de segurança para o presidente Zelaya, seu retorno ao poder e o retorno à democracia. Agora, cabe à comunidade internacional, pelos meios que achar corretos, compartilhar com o Brasil as dificuldades e o ônus de defender a democracia na região”, ressaltou Amorim.