Diretor do FMI defende mudanças nas regras financeiras para recuperação mundial

28/09/2009 - 1h17

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O diretor adjunto do Fundo Monetário Internacional (FMI), Murilo Portugal, apresentou hoje (28) projeções da organização que indicam crescimento de 3% na economia mundial em 2010. Ele disse que a crise financeira internacional, deflagrada em setembro do ano passado, provocou  retração de 1 ponto percentual.Para que haja de fato uma recuperação, analisou, será necessária uma mudança nas regras financeiras, com a implantação de novo modelo a ser seguido pelos bancos centrais a partir de 2012.De acordo com a análise de Portugal, mesmo em processo de retomada da economia, existem ainda alguns riscos a serem gerenciados, pois o impacto da crise, principalmente nos países desenvolvidos, com o aumento de desemprego, deixou o consumo mais fraco. Outro fator apontado por ele é a questão do crédito. “Os bancos estão em fase de recomposição do capital, mas as ofertas de crédito são ainda insuficientes para atender o setor privado”. Murilo Portugal alertou que nessa etapa de recuperação da economia mundial será essencial a participação do setor público. Ele observou que, até o momento, as economias que têm reagido melhor são as que ofereceram estímulos fiscais e adotaram medidas anticrise, mas que essas são alternativas temporárias.O dirigente lembrou que o FMI tem recomendado que esses estímulos sejam prorrogados onde o desempenho ainda permanece fraco. Segundo ele, os países do G20, grupo que reúne as nações mais desenvolvidas, tiveram, em 2008, um aumento do deficit fiscal em valor equivalente a 75% do Produto Interno Bruto (PIB) e há projeções indicando que esse percentual será ampliado para 118% em 2014.Segundo o diretor, os países desenvolvidos necessitarão de reformas estruturais para absorver gastos que são cobertos pela arrecadação fiscal como, por exemplo, o pagamento de aposentadorias. Portugal também defendeu como resultado importante na retomada do crescimento, e que foi consenso da reunião do G20 em Pittsburgh, nos Estados Unidos, na semana passada, o aumento de participação em 5% dos países emergentes na próxima revisão das cotas, a serem definidas em 2012.